A vida cultural e social do centro da cidade ficou ainda mais pobre desde o início do mês, com o encerramento do Cine Centro da Covilhã. Uma sala que durante cerca de 30 anos trouxe aos covilhanenses as novidade da sétima arte.
A empresa que explora o espaço denunciou o contrato com o arrendatário do imóvel, a Diocese da Guarda. Segundo Alfredo Fernandes, ligado ao Cine Centro desde a inauguração e que há dois anos explorava o cinema em nome próprio, diz que tomou a decisão devido à “falta de clientes”. Uma situação que se começou a verificar assim que abriram quatro novas salas no Serra Shopping, em Novembro.
“Cada dia que abria a sala tinha prejuízo, a receita não dava nem para pagar a luz e a água. Tinha cinco, dez, no máximo 15 espectadores por sessão e havia semanas que não fazia mais que 100 euros”, conta, para justificar ter entregue as chaves do edifício localizado no centro histórico da cidade.
Alfredo Fernandes diz que encerrar foi uma decisão que lhe custou muito, mas que era inevitável. Apesar de praticarem preços mais baixos que as novas salas, com os ingressos a 3 euros, o público que ia ao cinema, e que segundo este responsável “são sempre as mesmas pessoas”, começou a parecer cada vez em menor número. “A malta quer é condições”, sublinha.
Conforto e falta de estacionamento
A sala observa, já tem alguns anos e dá o exemplo do “mobiliário”, nomeadamente o conforto das cadeiras, como um dos aspectos que atraiu o público para as novas salas. A outra lamenta, é a ausência de estacionamento nas proximidades do Cine Centro. “Os poucos lugares que havia tiraram-nos quando fizeram obras na rua”, critica.
Alfredo Fernandes salienta que tem pena de ver o imóvel inactivo e diz que gostaria de voltar a ver a sala aberta, até porque lhe foi instalado recentemente novo equipamento, como o som surround , um sistema digital e novo sistema de aquecimento. “Isso agora é com os proprietários, que me facilitaram a vida, mas não dava para continuar”. Fontes da Diocese da Guarda adiantam que o destino a dar ao Cine Centro está “em estudo”.
A cidade está a transferir-se para a zona nova e o movimento no centro da Covilhã à noite é cada vez mais reduzido, à medida que vai perdendo pólos de atracção. Neste momento o Teatro Cine, explorado pela autarquia, ainda exibe filmes, de cariz mais alternativo. As distribuidoras queixam-se da pirataria e da diminuição de público. No Fundão, no final do ano, a única sala de cinema da cidade também encerrou, “para obras”, e ainda não voltou a abrir. Possivelmente, os fundanenses só voltarão a ter exibição de filmes na cidade quando a Casa da Moagem, futuro espaço cultural em construção, esteja concluído, no Verão. |