“O que se passou na unidade do Linhó deve alertar-nos”. É este o mote deixado pelos trabalhadores comunistas da Delphi perante o futuro desta empresa de cablagens automóvel na Beira Interior, onde tem duas unidades instaladas em Castelo Branco e Guarda.
A administração da Delphi, uma multinacional espalhada um pouco por todo o mundo, no final do ano transacto, decidiu encerrar uma das suas unidades de produção em Portugal, localizada no Linhó, deixando no desemprego 320 trabalhadores. Uma decisão “inesperada”, que segundo os comunistas terá sido comunicada de forma “instantânea” aos operários, pelo que “é certo que estava a ser preparada há algum tempo, à semelhança do que tem noutras empresas dos nossos distritos”. Na altura, a administração justificava a medida com a necessidade de consolidar a actividade de produção nas duas fábricas localizadas na Beira Interior, tendo sido “imposto um acordo de revogação de vínculos laborais a troco de indemnizações de 1,5 salários por cada ano de trabalho” frisam os comunistas. E adiantam que, horas depois de se conhecer a decisão os trabalhadores “são chamados um a um e confrontados com cartas de rescisão e respectivas contas já feitas, situação que põe a nu os desmentidos antes feitos”. Para “suavizar a brutalidade” do encerramento, dizem os comunistas, a administração terá passado para a comunicação social a versão de que a empresa iria disponibilizar para os trabalhadores efectivos da fábrica do Linhó um emprego alternativo nas fábricas do grupo nas cidades egitaniense e albicastrense, bem como no Seixal, mediante as disponibilidades de cada unidade. “A verdade é que, excepto meia dúzia de trabalhadores que vieram transmitir ensinamentos sobre os trabalhos deslocados para estas duas unidades, não há conhecimento que tenham vindo trabalhadores do Linhó para as unidades de Guarda e Castelo Branco, como a administração afirmou na sua atabalhoada justificação” frisam os trabalhadores comunistas das unidades localizadas na Beira Interior.
Redução gradual de pessoal
Ora, toda esta situação está a deixar os trabalhadores das unidades de Castelo Branco e Guarda preocupados com o seu futuro. É que, segundo os comunistas, a unidade da Guarda está “num processo acelerado de redução de pessoal”, já que a unidade chegou a ter dois mil e 500 trabalhadores tendo agora pouco mais de mil. “E fala-se que em breve é para ficar com 600” frisam os comunistas, que identificam idêntica redução de trabalhadores em Castelo Branco , onde já estiveram cerca de mil e 500 operários, havendo agora cerca de 700. Uma fábrica onde há “muitas preocupações” devido ao facto de circularem notícias que dão como certo o fecho da empresa. “Os investimentos e benefícios recebidos pela empresa, por parte do Estado, não permitem que a Delphi abandone esta região” alertam os comunistas.
Os trabalhadores destas unidades querem por isso saber “a evolução da empresa, já que estão em causa os seus postos de trabalho e a estabilidade de milhares de famílias”. |