Exposição fotográfica
Memória e esperança

Durante todo o mês de Abril a Biblioteca Municipal da Covilhã apresenta “Memória e Esperança”, de Alberto Mesquita. A exposição fotográfica recorda imagens das paisagens portuguesas, ou que ainda resta delas.


Por Helena Mafra

Cenários da Estrela que são agora apresentados em fotos, antes e depois dos incêndios

Quando, no verão passado, assistia, no telejornal a mais um episódio da saga dos incêndios florestais em Portugal, Alberto Mesquita foi, subitamente, assaltado por uma angústia em tudo semelhante “à que sentirá quem vir a sua casa devorada pelas chamas”. Remoinhos fumegantes rodeando as já paisagens desoladoras eram as imagens que se sucediam, umas atrás das outras. Era uma catástrofe.
É no rescaldo emocional destes acontecimentos que Alberto Mesquita realiza “Memória e Esperança”, uma exposição fotográfica sobre o “terror ancestral da natureza intacta”. Imagens de lugares que já não existem, preservando a memória de um património natural perdido em união com retratos de lugares que se mantêm inalterados, abrindo uma oportunidade à esperança são a mostra que o autor expõe, desde o dia 3 de Abril, na Biblioteca Municipal da Covilhã.
As fotografias seleccionadas não obedecem a qualquer critério documental. São, antes, uma perspectiva estética pessoal, sem ambições técnicas ou pretensões artísticas, apenas com a intencionalidade de não distinguir imagens. Alberto fotografa um só tema: as paisagens de Portugal, ou mais precisamente, os seus vestígios. Há quase 30 anos que percorre a pé as serras do Gera, Estrela, Lousã, Candeeiros e Caramulo. E a máquina fotográfica sempre o acompanhou nestas caminhadas, cumprindo a função de alimentar a memória desses momentos e lugares e permitindo a esperança de que se conservem. Por isso, o verdadeiro fim desta exposição é “tentar despertar a consciência ecológica que existe em cada um de nós”. É que “a natureza tem valores e direitos intrínsecos, não dependentes da sua utilidade prática ou económica”, afirma o autor. Daí que opte, sempre que possível, não incluir o Homem ou as suas construções artísticas.
Enquanto fotógrafo da natureza, é sua satisfação que as suas fotografias induzam, em quem as vê, o desejo de estar nesses sítios e a predisposição para se deixar tocar pelo seu encanto.
“Esta exposição é que gostaria de ter visto aos 14 anos, quando dava os primeiros passeios a pé e me começava a apaixonar pela serra”. Rematou o autor. Porque só se preserva o que se gosta e só se gosta quando se conhece. “Memória e Esperança” mantém-se em exposição até ao dia 21 de Abril, a ver de segunda a sexta, das 10 as 18.30 horas.