“Bibliotecas e Literacia, imaginários e identidades em Sociedades de Fronteira: Castelo Branco e Castilla y Leon” foi o tema escolhido para iniciar o ciclo de conferências sobre bibliotecas, organizado pelo Departamento de Letras da UBI. João Malaca Casteleiro, professor catedrático da Universidade de Lisboa, e Maria de Fátima Sequeira, docente da Universidade do Minho, foram os convidados que tiveram a seu cargo esta conferência inicial.
Durante o evento, Malaca Casteleiro defendeu que “professores e alunos deviam ter uma biblioteca fundamental”. Esta, disse, “consiste em dicionários, gramáticas e prontuários de Língua Portuguesa”, os quais são indispensáveis para um percurso estudantil. “Qualquer língua está em constante mudança por isso é necessária a consulta assídua de dicionários e gramáticas”.
A importância da leitura foi o tema desenvolvido por Maria de Fátima Sequeira, que explicou que a leitura desenvolve no aluno tanto o sentido crítico, como a criatividade. Para o desenvolvimento destas competências, disse, “é fundamental o papel desempenhado pelo professor nos primeiros anos de escolaridade”. A leitura pressupõe duas tarefas importantes e estreitamente relacionadas: a descodificação e a compreensão, que devem ser ensinadas aos alunos nos primeiros quatro anos de escolaridade.
Para que os alunos adquiram boas capacidades de leitura, os professores devem trabalhar com especial empenho a questão da motivação dos discentes, especialmente nas fases iniciais do processo formativo. É que adquirido o gosto, nunca mais se perde. Uma das formas de motivar os alunos passa pela criação de bibliotecas mais confortáveis, tornando-as num espaço atractivo, agradável e iluminado.
«A biblioteca é um lugar fundamental de uma escola», «o coração desta», e como referiu Fátima Sequeira, “nunca se deveria deixar abrir uma escola sem biblioteca”. Mostrando o seu desgosto relativamente à existência de escolas sem biblioteca, a investigadora da Universidade do Minho defendeu, também, que “os votos não são só para jogos de futebol, apesar de importantes (...), as bibliotecas também são importantes.” A escola tem um papel fundamental na alfabetização e criação do gosto pela leitura, porque forma leitores escolares, mas «infelizmente tem falhado na formação de leitores ao longo da vida», disse. O objectivo da escola deveria ser formar leitores “para sempre”, fazer com que criem as suas próprias rotinas de leitura, como por exemplo, ler um pouco antes de deitar. Fátima Sequeira é da opinião que «pertencemos a uma comunidade linguística privilegiada, porque temos séculos de escrita e grandes escritores, o que reforça a responsabilidade de incentivar e motivar para a leitura, que é uma das causas deste ciclo de conferências».
O ciclo de conferências que agora se inicia integra-se num projecto do Departamento de Letras, organizado juntamente com o Instituto Português da Juventude (IPJ), e que tem por objectivo, futuramente, desenvolver um projecto na área da investigação acerca desta temática.
António dos Santos Pereira, um dos responsáveis pelo Departamento de Letras, referiu que pretende candidatar o projecto à Fundação para a Ciência e Tecnologia, com a ajuda de alguns professores da Universidade. O programa tem, entre outras, a finalidade de elaborar estratégias leitoras para os diferentes manuais escolares, implicando as bibliotecas públicas nessa estratégia. Na sua componente transfronteiriça, pretende ainda analisar o imaginário do vizinho espanhol nos manuais portugueses de aprendizagem. Transversal a este projecto de investigação é o objectivo de incentivar o gosto pela leitura, sobretudo junto dos mais jovens. |