A marcar a sessão pública do dia 17 de Março, a possibilidade de encerramento da maternidade que funciona no Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB). Uma medida anunciada por Correia de Campos, ministro da Saúde, há uma semana, e que visa concentrar as maternidades em apenas alguns hospitais.
Carlos Pinto mostrou-se “bastante incomodado” com esta possibilidade. “Tudo o que sabemos aponta para o encerramento da maternidade da Covilhã”, adianta. O edil avançou assim com uma moção de protesto contra uma possível decisão governamental neste sentido. O executivo autárquico aprovou, por unanimidade, uma moção “contra o possível encerramento deste serviço na Covilhã”. Uma forma de mostrar “total oposição a este retrocesso civilizacional”, explica Pinto. Esta moção vai agora ser enviada ao primeiro-ministro, o ministro da saúde, aos responsáveis da Administração Regional de Saúde de Castelo Branco e à administração do CHCB “por nenhum deles informar a autarquia do que se está a passar”. O executivo laranja, pela voz de Pinto, sublinhou ainda o facto “de estarmos a responder legitimamente pelo povo que aqui nos colocou de forma democrática”. Segundo os mesmos, tal não acontece “com as administrações de hospitais e outros que são nomeados por filiação partidária”.
Para este responsável político todo o processo está a ser mal conduzido. O ministro diz que a decisão “está entregue aos responsáveis do Centro Hospitalar da Beira Interior”, estrutura que Pinto diz “ainda nem sequer existir”. Para além desta falha, o social-democrata aponta o dedo a uma outra característica. Pinto diz ser “incompressível”, num hospital universitário “como é o da Covilhã”, não existir uma maternidade.
Durante toda a sessão, Serra dos Reis questionou Pinto sobre as suas fontes de informação. O vereador socialista na oposição, salienta que “a maternidade da Covilhã não vai encerrar”. Serra dos Reis, já no final da sessão, em declarações aos jornalistas, adiantou ter informações suficientes “que garantem a maternidade na Covilhã”.
Coerência de Sócrates questionada
O caso está longe de terminar e Pinto ameaça mesmo “com a convocação de todos os munícipes para o Pelourinho”. O social-democrata chega mesmo a dizer que, caso o governo pretenda encerrar a maternidade da Covilhã “não conte com reacções moderadas por parte desta câmara”. Isto porque, Pinto diz que “os covilhanense vão continuar a nascer na Covilhã”.
Já no final dos trabalhos, o autarca social-democrata interrogou-se sobre a coerência política do actual primeiro-ministro, o também covilhanense, José Sócrates. Para tal, Pinto baseou-se num requerimento datado de 5 de Março de 2004, da autoria de José Sócrates e Fernando Serrasqueiro, então deputados socialistas da Assembleia da República eleitos pelo círculo de Castelo Branco. No documento, os autores questionavam o governo social-democrata sobre a possibilidade de encerramento de cinco maternidades na região centro. Uma medida que segundo os mesmos era “incompreensível” do ponto de vista “duma adequada política de combate à desertificação”, e também devido ao facto de “deixar a faculdade de Ciências da Saúde da UBI sem poder, no seu processo formativo, recorrer aos hospitais que lhe servem de apoio nesta matéria”. Pinto questiona agora os autores do documento e quer saber “das razões da mudança de opinião”. |