A questão foi levantada pelo presidente da Junta de Freguesia da Aldeia de S. Francisco de Assis na última Assembleia Municipal. José Campos alertou os deputados municipais para o facto de a empresa concessionária da exploração mineira não estar a cuidar dos resíduos da exploração que, eventualmente, acabam no Zêzere sem um tratamento apropriado.
Campos diz que, ao longo dos sete quilómetros da ribeira que desce das minas ao rio os terrenos são estéreis e mostra-se, ainda, preocupado com os lagos de lamas formados na zona com os resíduos da extracção. José Campos mostrou-se, também, descontente, pelo facto de a Junta não ter sido convidada para uma reunião que, alegadamente terá tido lugar nas instalações da Beralt Tin para discutir uma solução para os resíduos, e onde terão estado presentes representantes do Governo e da autarquia. “É preciso acautelar a questão ambiental no Couto Mineiro”, alerta o autarca, que pediu ainda explicações ao presidente da Câmara acerca dos trabalhos de rectificação da estrada que liga a Barroca Grande ao Rio Zêzere. Um troço de sete quilómetros que se encontra em avançado estado de degradação e que há vários meses pede obras de requalificação.
Carlos Pinto respondeu o presidente de Junta, assegurando que a Câmara já questionou a Beralt Tin em relação aos dois assuntos. O edil reconhece que “há muito a fazer no que toca ao ambiente e às acessibilidades – que estão a ficar degradadas”. Mas defende, que estas questões “também são da responsabilidade da empresa”. O autarca lembra que já no seu primeiro mandato, em 1992, ordenou o condicionamento do trânsito naquela via, para pressionar a empresa a comparticipar as obras de requalificação. Um cenário que diz não querer repetir. Por isso, advoga, “vamos ter que voltar a dialogar com os responsáveis para resolver rapidamente a situação”.
No que toca ao ambiente, Carlos Pinto recorda que a rede de ETAR's já está concluída e que os resíduos mineiros são, actualmente, o maior problema ambiental no concelho. O autarca exige medidas do Governo até porque, sublinha, “o município gastou milhões de euros no tratamento de esgotos para não poluir o Zêzere, e o que faltava agora, era que o rio acabasse poluído à mesma, mas com os resíduos das minas”.
O líder do executivo municipal diz não querer assumir “uma posição que possa ser interpretada como oportunista numa altura em que a empresa está a gerar lucro, a criar emprego e com planos de expansão”, mas defende que cada parte tem que “assumir as suas responsabilidades, quer no plano ambiental, quer social”. Por isso, reitera, a Beralt Tin “tem que ser um parceiro na busca por uma solução, até porque, os detritos são produto da sua própria laboração”. E, “se não for agora, que está bem”, questiona, “quando é que vai ser?”
Fernando Vitorino, director-geral das Minas, assegura que a empresa está a projectar a construção de uma segunda ETAR para dar resposta à quantidade de resíduos. Sobretudo no Inverno, quando, devido às chuvas, a quantidade de água nas minas aumenta. O investimento deverá rondar os 300 mil euros e resolver a questão definitivamente. |