As contas da Saúde foram passadas a pente fino no último sábado, 4 de Março, no Centro Hospitalar da Cova da Beira. Um colóquio organizado pelos alunos do 5º ano de Medicina trouxe à Covilhã Pedro Barros, catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
O docente e investigador veio falar sobre o financiamento dos hospitais portugueses e a gestão de saúde das populações. Uma área em que “as coisas estão com diagnóstico muito reservado”. Isto porque, no entender deste docente, em Portugal, “não existe uma verdadeira ligação entre centros de saúde e hospitais”. Ainda hoje, estas estruturas, “que deveriam ser parceiras, funcionam quase que de costas voltadas uma para a outra”. Apontando casos concretos, Pedro Barros refere que quando um centro de saúde não quer tratar um doente, “passa-o para o hospital”. Uma medida que transfere “e muitas vezes aumenta”, os custos daquela prestação de cuidados.
Segundo o orador convidado, o papel dos profissionais de saúde também conta na economia do hospital
|
Ganhar eficiência
|
Como um dos principais estudiosos do actual sistema de saúde, Pedro Barros aponta para uma gestão diferenciada das unidades hospitalares, como uma possível ajuda no balanço das contas. Segundo este docente “um hospital na Covilhã tem necessidades diferentes de um hospital no Alentejo”.
Para além deste facto, o catedrático em Economia sublinha ainda “o papel do médico”. Segundo Pita Barros, os profissionais de saúde “não têm, na grande parte das vezes, conhecimento dos custos das suas decisões”. O docente começou por abordar este tema com alguma cautela, “uma vez que os médicos e os restantes profissionais da área podem julgar que devemos poupar tratamentos aos doentes”. Segundo Barros, não se trata dessa questão, mas sim, “de mostrar que existem certos procedimentos que não têm qualquer efeito sobre o paciente e que se traduzem em elevados custos para o SNS”. O catedrático chega mesmo a dizer que “no final do mês, o médico não têm a mínima noção dos custos do seu trabalho”.
As medidas que este catedrático lança para mudar o sistema passam por “criar sistemas de gestão adaptados aos diferentes hospitais”. Uma medida que se junta também “ao maior entrosamento dos profissionais de saúde na gestão das unidades hospitalares”.
Inês Rosa, aluna finalista do curso de Medicina da UBI e uma das organizadoras do encontro destaca o tema do mesmo “e o muito que se aprende neste tipo de actividades”. Como futura profissional de Saúde, esta aluna refere que “os médicos devem, acima de tudo, preocupar-se com os seus pacientes, mas consciencializarem-se dos seus actos”. A temática serviu “para uma melhor preparação pessoal e profissional” e os alunos de Medicina garante que este tipo de iniciativas “se vai repetir”. |