Mesquita Milheiro, presidente da Associação Distrital de Agricultores de Castelo Branco (ADACB), lança o aviso: os baixos níveis da Barragem da Meimoa, causados pela fraca chuva que se tem feito sentir este Inverno, podem impedir que as culturas de milho, sorgo e tabaco dos seis mil hectares de terrenos da Meimoa e Capinha (Fundão) sejam lançadas este ano. A Associação critica ainda a empresa Águas do Zêzere e Côa (AZC) de não respeitar o caudal ecológico e secar a Ribeira da Meimoa, a partir da zona da Capinha.
A Barragem da Meimoa conta actualmente apenas com “um fio de água”, mas, ainda assim, a Associação de Regantes da Cova da Beira permite a saída de água necessária para manter o leito da Ribeira da Meimoa, bem como a fauna e a flora envolventes. Logo, o caudal ecológico está a ser assegurado. Lembre-se que a albufeira foi construída para irrigar três mil e 400 hectares de terrenos agrícolas. Mas a seca não o tem permitido.
Pelo contrário, de acordo com Mesquita Milheiro, na Barragem da Capinha, a AZC retira toda a água existente, incluindo o caudal ecológico, para garantir o abastecimento público do Fundão, “levando a que a Ribeira fique completamente seca”, a partir da Zona da Capinha até à Foz. Uma situação que o presidente da ADACB considera ilegal.
Mesquita Milheiro, que é também um dos produtores de tabaco da região, lembra como no ano passado perdeu a sua cultura devido à seca. Este ano, garante, já não vai ser apanhado pela surpresa, uma vez que nem sequer a vai lançar, “porque a água não chega”. O responsável máximo da ADACB prevê para este Verão mais uma catástrofe ecológica, como aquela que levou à mortandade de peixes no ano 2005.
A solução para tal problema de baixos níveis na barragem, segundo Mesquita Milheiro, assenta na conclusão do túnel de transvaze, que permitiria trazer a água da Barragem do Sabugal. Uma obra que já deveria estar pronta desde o final do ano passado e, por isso, “a Barragem do Sabugal tem estado permanentemente a ser aberta para a água não atingir o túnel de transvaze, ainda em obras”, refere o responsável pela ADACB.
No final de Março, a Associação de Regantes vai reunir para decidir em que condições vai ser feita a campanha de rega para a Primavera/Verão. Se não chover abundantemente até essa altura, Mesquita Milheiro prevê que 90 por cento dos 400 agricultores da região não lancem as sementeiras sob pena de as perderem. E aponta ainda um cenário negro para quem decidir avançar com as culturas, pois garante que estarão comprometidas caso São Pedro não mande chuva suficiente para repor os níveis na albufeira. |