Burocracia atrasa complexo desportivo
ADE vai ter que esperar mais dois anos

O processo de conclusão do Complexo Desportivo da ADE voltou a sofrer novo atraso. O Instituto do Desporto, que já o tinha aprovado, voltou atrás para exigir novas alterações. Ainda assim, o presidente da colectividade está optimista e acredita que ainda este ano vai ser lançado o concurso público.


NC / Urbi et Orbi

Os planos da ADE para o complexo desportivo voltaram a sofrer um atraso

O conturbado processo do Complexo Desportivo da Desportiva da Estação (ADE) conheceu, nas últimas semanas, novo revés. Após sucessivos avanços e recuos, e quando se esperava que, por fim, o Governo desse o aval para o lançamento do concurso público, eis que o processo volta para trás por não cumprir com algumas exigências do Instituto do Desporto de Portugal (IDP).
O caricato da situação é que o projecto, endossado há mais de quatro meses a uma dependência do Ministério da Administração Interna, para efeitos de comparticipação do Estado, já tinha tido o parecer positivo do próprio IDP. Segundo Vítor Rebordão, presidente do clube da Covilhã, que pediu satisfações aos representantes do Instituto no distrito, “tratam-se de alterações solicitadas pelo IDP, já depois do parecer favorável que, por alguma falha de comunicação, não foram atendidas a tempo”.
O dirigente revela que, entretanto, as alterações já foram feitas e o processo reenviado ao Ministério para ser aprovado e comparticipado em 70 por cento dos cerca de 500 mil euros necessários para a conclusão das obras.
No entanto, lamenta Rebordão, “este é mais um atraso num processo que, lamentavelmente, se arrasta há vários anos”. Primeiro porque não havia dinheiro, “depois porque o Euro 2004 absorveu grande parte das verbas do Estado destinadas a infra-estruturas desportivas e, depois devido a problemas burocráticos”.
A conclusão do Complexo Desportivo é a grande aspiração dos dirigentes, técnicos e atletas da Desportiva da Estação, que chegou a suspender o futebol Sénior, há duas épocas atrás, de modo a canalizar o máximo de recursos para as obras do recinto. Os trabalhos, porém, nunca conheceram grande avanço e ainda hoje o clube se debate com a falta de condições para trabalhar as cerca de três centenas de jovens das suas escolas de futebol.

Condições actuais são de Terceiro-Mundo

Neste momento, desabafa o presidente, “estamos a formar crianças e jovens em condições de Terceiro-Mundo”. Nos balneários dimensionados para cerca de 20 atletas, descreve, “às vezes chegam a equipar-se 50”. Quanto ao terreno de treino e jogo, continua, “no Inverno os miúdos têm que treinar na lama e, no Verão, o piso de terra batida seca e torna-se duro como cimento”. Isto, avisa, “não é nada bom para a formação. E depois, com a oferta que há de outros desportos e actividades, os miúdos afastam-se do futebol”. Uns, afirma, “vão para desportos de pavilhão, que dão outras condições. O que não é mau. Mas outros afastam-se mesmo de qualquer actividade desportiva, e isso é que é preocupante”.
Quando as obras chegarem ao fim, assegura Rebordão, o clube terá condições ao nível das melhores da região, com balneários confortáveis para todos os atletas das escolas, e um relvado sintético que pode ter três equipas a treinar ao mesmo tempo e sem interrupções entre as 18 e as 21 horas. Para os espectadores também surgirão melhoras significativas, essencialmente com a finalização das bancadas, que estarão cobertas e permitirão assistir aos jogos com um conforto que actualmente não permitem.
Mas isso, vaticina o dirigente, “só daqui por dois anos se, entretanto, não houverem mais atrasos”. Vítor Rebordão acredita que, agora, já não deverá acontecer mais nenhum episódio semelhante e que, ainda este ano o Governo dará luz verde para a abertura do concurso público. Até lá, explica, o processo ainda terá que passar por uma série de trâmites burocráticos: “Foi preciso entregar cópias ao IDP e à CCDRC, depois tem que se apresentar o caderno de encargos e custos da obra e, então, abrir o concurso público. E, se os trabalhos correrem bem, em 2008, a obra estará concluída.

Câmara entra com 30 por cento

Assegurada estará, também, a comparticipação da Câmara da Covilhã na obra. A autarquia serrana deverá entrar com os restantes 30 por cento do valor total e, caso o projecto já tivesse ido a concurso, as verbas já poderiam ter começado a ser transferidas, diz Vítor Rebordão. “Antes do processo ser aprovado, e de ir a concurso, é que não vale a pena porque todo dinheiro o que entrar é retirado ao valor total da obra considerado pelo Ministério, e depois teríamos que ir procurar outro investidor para arranjar os 30 por cento que continuariam a faltar”.