Educação foi o tema principal da passada reunião pública do executivo camarário, que teve lugar sexta-feira, 17 de Fevereiro. A maioria social-democrata começou por mostrar desagrado perante a intenção do Governo em encerrar vários jardins-de-infância do concelho. Intenção essa que chegou à câmara “através dos presidentes de junta” e não por meios institucionais. Carlos Pinto, que presidiu à sessão avançou mesmo com uma moção que pretende reprovar “a forma como todo o processo está a decorrer”.
A câmara acabou por aprovar um documento que será enviado às restantes entidades oficiais como o Ministério da Educação, a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) e outros, composto por dois pontos. No primeiro, o executivo sublinha “a forma como as informações estão a ser transmitidas”, uma vez que a autarquia não foi informada das intenções do Governo, e uma segunda que pretende “repudiar todo e qualquer encerramento de escolas ou jardins-de-infância”. Esta medida foi aprovada por maioria com os votos dos vereadores eleitos pelo PSD, incluindo o de Joaquim Matias, que está sem pelouros, e com a abstenção dos dois vereadores socialistas na oposição.
O episódio não ficou por aqui e discussão ganhou novos contornos com a intervenção de Serra dos Reis. Este eleito pelo Partido Socialista começou por referir “que não existem reformas sem problemas sociais”, e que “as populações não vão aceitar de ânimo leve o encerramento de algumas escolas e jardins-de-infância”.
A afirmação acabou mesmo por ser rebatida por Pinto quando o edil garantiu que “pelo menos no concelho da Covilhã as populações não se vão queixar”, isto porque, “no que depender da autarquia, todos os jardins-de-infância vão continuar abertos”. Uma promessa que acabou por ganhar o apoio de vários presidentes de junta que se encontravam no salão nobre da autarquia. No final da sessão, o autarca, garantiu mesmo que “nem que exista apenas um bebé, uma educadora e pessoal auxiliar, a câmara não vai deixar encerrar nenhuma creche”.
“Uma total falta de humanidade”
A sessão acabou por ser marcada pela proposta de Carlos Pinto a Serra dos Reis. Quando o vereador socialista defendia que era “má política” continuar com os jardins-de-infância abertos apenas com uma criança, Pinto sublinhava que se o não fizesse estava a entrar na política do Governo, a qual “se resume a uma total falta de humanidade”. Serra dos Reis garantiu que “não há volta a dar no processo de desertificação do Interior” e que talvez a carta educativa, “se já estivesse elaborada”, fosse uma ajuda nestas situações.
Pinto gracejou depois com toda a situação e convidou mesmo o vereador socialista a redigir a carta educativa. O edil propôs a Serra dos Reis para que “com todos os conhecimentos que pensa ter sobre a matéria”, apresente o documento. Já no final da sessão, o socialista acabaria por dizer que “com este tipo de atitudes, o presidente da câmara só mostra ter pouca inteligência e quer tapar o sol com a peneira”. O social-democrata acrescentou que não se trata de inteligência, mas sim de casos em que "este senhor quer dar sinais de vida, uma vez que parece estar morto", politicamente falando, "nas sessões de câmara".
Os autarcas mostram-se contra a decisão do Governo
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Presidentes de junta contra encerramento
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Quem também parece estar contra a medida avançada pelo Governo, que visa sinalizar todos os jardins-de-infância e escolas primárias com menos de dez crianças, são os presidentes de junta das freguesias em causa. Teixoso , Peso, São Jorge da Beira, Vales do Rio e Vale Formoso são algumas das povoações que podem ser afectadas pela medida, caso o Governo. Na última sessão de câmara, os autarcas destas cinco freguesias aproveitaram a presença dos jornalistas na sessão de câmara para “tornar público o protesto perante tal atitude”. Carlos Mendes, presidente da Junta de Freguesia do Teixoso refere mesmo que “estas são medidas que estão a ser planeadas sem ter em conta as realidades locais”. Depois de “todo o investimento que foi feito em escolas e jardins-de-infância”, o autarca questiona o porquê do encerramento destas estruturas. Para além de que “não vão ser os responsáveis por estas medidas a explicar aos pais o transtorno que isto vai causar”.
Mendes lembrou mesmo que esto é o primeiro passo para o encerramento dos jardins-de-infância, uma vez que “com as escolas foi o mesmo”. Primeiro, “sinalizaram as escolas primárias com menos de dez alunos, dizendo que não encerravam e agora vão mesmo fechar”, desabafa o autarca. |