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Liberdade experimental
No Estatuto Editorial do Urbi et Orbi lê-se duas coisas aparentemente simples e consensuais: o jornal tem como objectivos «dar expressão ao direito de informar e ser informado, promover o intercâmbio de ideias e favorecer o exercício da liberdade crítica» e «saberá também explorar o seu novo medium, tirando partido, de forma criativa e inovadora, das potencialidades técnicas, de inovação formal e de metamorfose dos conteúdos que este oferece.»
Ora, nos dias que correm, nada mais difícil que levar isto à prática. Um pouco por todo lado, da grande imprensa generalista ao mais modesto pasquim sob alçada autárquica, o direito de informar e ser informado, e ainda mais o exercício da liberdade crítica, morrem na praia de interesses vários, invariavelmente escorregadios e obscuros, quase sempre contrários ao interesse público democrático. O bom jornalismo acaba onde o dinheiro começa.
Quanto à exploração criativa e técnica do novo medium , basta olhar para o nosso panorama online , nomeadamente jornalístico, para ficarmos esclarecidos. Triunfam a mediania ou a mediocridade, ambas alimentadas, em boa parte, pela falta de recursos financeiros e pela escassez de talentos.
É, pois, neste contexto que projectos como o Urbi et Orbi devem ser acarinhados e cultivados ao máximo, sobretudo por parte dos estudantes. Neste tipo de espaços, os alunos encontram uma margem de liberdade, experimentação, crítica e criação dificilmente reprodutíveis nos media comerciais. E os leitores, certamente, saberão reconhecê-lo.
* Docente de Jornalismo e
Ciências da Comunicação na Universidade do Porto
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