Por vezes, as mudanças mais subtis são as mais marcantes. Foi o que aconteceu com o Teatr'UBI e a sua mais recente peça, “O Corvo”. Com estreia marcada para o próximo dia 20, no Teatro-Cine da Covilhã, esta encenação resulta de um texto de Ivan Briscoe, que vai estar presente na estreia.
O amadurecimento dos actores foi um dos aspectos destacados pela argentina Lorena Briscoe que teve a seu cargo a encenação deste trabalho. De forma simples, a peça de uma hora e seis actos retracta a relação de um homem e de uma mulher que vivem numa espécie de mundo a dois tons. O conflito entre a luz e a sombra é como que uma dupla personalidade. De um lado, o escuro, do outro, aquilo que se faz ás claras.
Destaque para a representação muito trabalhada dos actores em palco onde se dá vida a este texto. Diálogos entrecruzados e manifestações físicas onde se descobrem-se as sombras que coabitam com a solidão. Dois casais estão separados por uma mesa de bar. Estão sós, mas ao mesmo tempo, juntos. São indivíduos únicos e ao mesmo tempo, “pela sua forma de estar e sentir fazem parte uns dos outros”, explica Rui Pires, actor e director de produção. O homem tenta estabelecer um diálogo que a mulher quebra com violência, dá-se a uma confissão nua, crua e frágil “que nos pode mostrar os animais desamparados que cada um transporta dentro de si”, explica. “O Corvo” pretende, através de um poema escrito em 1845, dar uma visão diferente do amor onde não se sabe quem ama, quem perde, ou o que se procura. Lorena Briscoe explica que esta peça “nasce da busca de sombras e de luzes, mas é preciso conhecer a sombra, para conhecer a luz”.
A produção é do Teatr'UBI, com encenação de Lorena Briscoe, assistente de encenação, Juan Torres e José Carillo, Direcção de Produção, Rui Pires, Design Gráfico, Miguel Furtado, tradução, Nathalie Naveda e Sérgio Novo, desenho de luz, Pedro Fonseca, operação de luz e som, Nathalie Naveda e João Cantador, guarda-roupa e cenografia, Teatr'UBI, interpretação, Gabriel Travasso, Liliana Silva, Mafalda Morão, Mário Gomes, Rui Pires e Sérgio Novo. A peça estreia a 20 de Fevereiro, pelas 21 horas, no Teatro-Cine e está em palco, na Covilhã, até ao dia 23.
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