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Seis anos a moldar jornalistas
Faz esta semana precisamente seis anos que o meu primeiro artigo enquanto aspirante a jornalista foi publicado. Titulei-o de “Engate cibernético” e foi notícia de destaque do número 1 do Urbi . Era uma reportagem sobre as relações estabelecidas através da Internet, tendo como base o IRC e os Talkers (que já ninguém usa), elaborada no âmbito do Atelier de Jornalismo. Foi a minha única colaboração com o URBI enquanto estudante de Ciências da Comunicação. No final dessa mesma semana comecei a minha caminhada no Notícias da Covilhã.
Há uns dias lembrei-me de consultar o arquivo do Urbi e deparei-me com esse texto. E tão mal escrito que ele está. Hoje, se tivesse que o corrigir, passar-lhe-ia um risco vermelho de cima a baixo, e obrigar-me-ia a reescrevê-lo. Aliás, foi exactamente isso que aconteceu na minha primeira semana na redacção do Notícias. Há seis anos atrás. Era eu a entregar textos e o Sérgio Felizardo, à altura coordenador do jornal, a traçar uma linha diagonal do canto superior esquerdo ao inferior direito. E, a seguir, com uma paciência de santo, a explicar o que estava mal – quase tudo – e como teria que fazer.
“Pirâmides invertidas”, “leads e superleads”, “títulos informativos e incitativos”, “caixas”, “perfis”, “breves”, eram termos que eu dominava enquanto conceito teórico. Passar isso ao papel é que era complicado. Não tinha tido “treino”. Faltavam-me as rotinas. As manhas da profissão.
Que me lembre, fui o último dos estagiários do Notícias a chegar à redacção tão mal preparado. Tinha muito boa vontade… e pouco mais!
Todos os que chegaram depois – e em seis anos foram 11 novos estagiários – já sabiam ao que vinham. Salvo raríssimas excepções, já tinham escrito dezenas de notícias. Já tinham perdido centenas de horas a pesquisar para uma reportagem. Já tinham passado pela fase dos textos riscados de alto a baixo por um chefe de redacção. Já tinham contactos por essa cidade fora. Já tinham rotinas de jornalista. Já tinham passado um ano – e, em alguns casos, mais – a escrever para um jornal. Para o Urbi.
Eu cheguei em estado bruto. Os outros já vinham moldados. Enquanto para mim foi preciso martelo e escopro, para a maioria dos que se seguiram só foi necessária uma lima para polir arestas. Por isso – e por muito mais – está de parabéns o Urbi . E quem o dirigiu, coordenou e alimentou ao longo dos últimos seis anos. Parabéns.
* Jornalista do Notícias da Covilhã
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