A igreja Notre-Dame Du Raincy edificada em 1923 foi uma das primeiras a recorrer ao betão armado como principal material de construção. Nessa época, os engenheiros acabaram por dar-lhe determinadas formas e utilizações que foram agora revistas e estudadas ao pormenor por dois recém-licenciados da UBI.
Sandra Monteiro e Alberto Martins são ambos naturais da Covilhã e escolheram como primeira opção no acesso ao Ensino Superior o curso de Engenharia Civil da Universidade da “cidade neve”. No final dos cinco anos da licenciatura, e depois da UBI já ter arrecadado três prémios consecutivos, “pensamos também em concorrer ao SECIL”, começa por revelar Sandra Monteiro.
Na cadeira de projecto, orientada por docentes do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura da UBI, foram-lhes apresentadas várias construções que recorreram ao betão armado como matéria fundamental para a sua edificação. Os dois acabaram por escolher a igreja de Notre-Dame Du Raincy. Um construção que está em solo gaulês e que “desde o início do nosso projecto nos apresentou algumas dificuldades”. Sobretudo ao nível “da pouca informação que conseguimos reunir sobre o imóvel”, vai adiantando Alberto Martins.
Ultrapassada uma primeira fase de reconhecimento e contextualização de toda a estrutura, os dois jovens lançaram-se no desafio a “apresentar uma outra solução para a edificação do monumento, que não a actual”, reitera Alberto Martins, agora a frequentar um mestrado na Universidade de Coimbra.
O que mais despertou a atenção dos dois jovens engenheiros foi a cobertura da igreja, a solução variante proposta pelos dois e que constitui um documento de algumas centenas de páginas aponta para uma solução onde a cobertura da igreja “seria feita através de uma casca em betão de dupla curvatura”. Esta solução, segundo Sandra Monteiro “tornar-se-ia mais eficaz, mais leve e mais atraente, do ponto de vista estético”. Pormenores que estão todos incluídos no projecto vencedor deste ano, “e que sem a ajuda e o apoio dos docentes do Departamento não teria chegado ao fim”, confessam ambos.
Estes dois engenheiros partiram de uma planta idealizada pelos próprios e que "se assemelha ao máximo, à original, e encontrando forma mais viável, em vários padrões, para o projecto”. Para tal, estudaram um total de quatro soluções, “onde estão classificados aspectos económicos, estruturais, estéticos, sociais e outros”, avança Sandra Monteiro, que agora é docente assistente na Universidade de Coimbra, onde também frequenta um mestrado na área.
Uma construção em betão armado esteve no centro das atenções do estudo ganhador
|
Um dos melhores cursos a nível nacional
|
Mas se estes dois jovens engenheiros conseguem encontrar soluções variantes para a construção de imóveis, o mesmo não parece acontecer para a vinda de novos alunos para a área. Sandra e Alberto há muito que também se questionam sobre a cada vez maior fuga de alunos das áreas ligadas às engenharias e ás ciências exactas. Motivos e explicações aparentes “parece não haver”, confessa Alberto Martins. O mesmo que sublinha “o apoio encontrado na UBI ao nível dos docentes, das instalações, da qualidade de ensino e das actividades extra-curriculares como são os prémios SECIL, as Jornadas de Engenharia e outras”. Este prémio, “que devia ser repetido por muitas outras entidades, para além de um incentivo pessoal e também uma mostra do bom trabalho que se faz nas Universidades portuguesas”, remata o jovem engenheiro.
Sandra Monteiro que reparte o sonho de fazer carreira na docência, com Alberto, também partilha das mesmas interrogações. Esta assistente refere que “a UBI tem dos melhores cursos a nível nacional”, algo que se reconhece “quando começamos a comparar os currículos e os programas”, mas tal como outras instituições “os novos alunos não aparecem”.
Victor Cavaleiro, presidente do DEC partilha destas inquietações há muito. Ainda assim, o docente da UBI prefere “louvar o trabalho dos docentes e dos alunos e apostar na qualidade”. Futuros alunos e novos projectos “vão aparecer”, reitera este docente. |