Olhar para as ligações
entre as religiões e os meios de comunicação
foi a meta principal deste evento
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Religião
e Media
Retóricas do religioso
no espaço mediático
Observar relações
existentes entre a religião e os media foi um dos
objectivos desta iniciativa. A comunicação
é o elemento essencial para a existência
do espaço público e na retórica encontra-se
a possibilidade de conjugar o religioso com o mediático.
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Por Mayra Fernandes
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O colóquio “Retóricas
do Religioso no Espaço Mediático”, realizado
no dia 15 de Dezembro, teve como objectivo principal esclarecer
que relações se estabelecem entre a religião
e os media e de que modo.
A retórica é a arte de convencer, pelas palavras,
uma audiência. Ela só faz sentido se for um
discurso público. A religião, desde sempre,
usou de retórica para convencer ou converter os fiéis.
Hoje, com os meios de comunicação assiste-se
a uma ligação muito forte, que não
depende apenas das palavras, mas das imagens, do som, da
publicidade. A eloquência reside nos mais variados
meios, que os media possibilitam para persuadir o público.
Esta é a máxima que se pretendeu passar neste
colóquio, através das comunicações
de José Geraldes, docente da UBI, de Frei Bento Domingues,
colaborador de opinião do jornal Público e
de Joaquim Costa, do Instituto de Ciências Sociais
da Universidade do Minho.
Assim, também é necessário um espaço
público, o qual “só é possível
fundamentalmente por causa dos media”, explicou o
docente Paulo Serra, citando Jurgën Habermas. Introduzindo
o tema do colóquio o docente e comentador da mesa
adiantou que “o religioso tem uma ligação
muito forte com o mediático, dado que a própria
Bíblia foi o sinal da vontade de se ver publicitada
(no sentido do espaço público) a Palavra de
Deus para todos os crentes”.
A nova retórica
Para que se entendesse esta relação religião
e media, Frei Bento Domingues falou de como foi outrora
a retórica nas mãos da religião e de
como é actualmente, afirmando que a comunicação
“estabelece o que existe e o que não existe”
sendo a publicidade “a grande retórica”.
A nova retórica, que se apoia na publicidade nasceu
com os novos movimentos religiosos, “grupos que se
apresentam como alternativa às Igrejas cristãs,
mais conhecidos por seitas” justificou o colaborador
do Público, acrescentando que estes grupos pretendem
“atingir o aspecto emocional, sem se afastar contudo,
da doutrina religiosa, dando azo a uma retórica das
paixões, que terá como componente fundamental
falar línguas, cantar e rezar alto.” A retórica
como arte de convencer “nunca esteve tão viva,
mas não basta ter o dom da palavra - a salvação
é a publicidade”, defendeu o mesmo orador,
que também apresentou uma panorâmica dos argumentos
dos novos movimentos, entre os quais se encontra aquele
que parece ser o mais forte, “fazer o que a Igreja
Católica não fez em 2000 mil anos”.
Frei Bento vê a adesão e o sucesso destes movimentos
na “sede de experiência de Deus, as religiões
dão festas, concedem a vivência comunitária,
procura-se uma retórica total e por isso apela-se
a tudo. Faz-se uma selecção de textos bíblicos
perfeitamente adaptáveis às necessidades da
comunidade, sendo necessário convencer a pessoa de
que não há outro caminho”. O Brasil
foi o exemplo apresentado, como país que melhor retrata
esse fenómeno.
Tudo o que se faz hoje, o que leva as pessoas a agir é
resultado de uma retórica mediatizada. O espaço
que a religião encontra nos media é usado
numa intenção de atrair fiéis, no caso
concreto das novas religiões. Contudo, não
se pode dizer que não há um bom uso da retórica,
pois “será fraca publicidade aquilo que vender
facilmente e logo estanque”, defendeu Frei Bento,
adiantando que o “criticável na retórica,
tanto nos novos movimentos religiosos como nos movimentos
das massas é o não haver espaço para
a pessoa continuar pessoa”. |
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