A nova lista espera agora retomar projecto há muito pensados para a associação
Casteleiro novo presidente da Mutualista
Vitória “esmagadora” da Lista A

Igualdade, Liberdade e Fraternidade, a trilogia da revolução francesa “que ainda não desceu ao nosso quotidiano” é a meta da lista vencedora para a Associação de Socorros Mútuos da Covilhã.


Por Mayra Fernandes


“Tudo pelas pessoas e nada contra elas. O exercício de servir na Associação é uma missão de honestidade, sem preocupações de interesses pessoais, por mais solidariedade, mais carinho, apoio e compreensão”, disse Carlos Casteleiro no seu discurso de vitória.
A diferença de votos entre as duas listas candidatas foi significativa, 464 votos a favor de Carlos Casteleiro (lista A) o que representa 85 por cento do total das intenções de voto e 73 a favor de Ramiro Reis (lista B), 9,7 pontos percentuais a que acrescem 19 votos nulos ou considerados brancos, 5,3 por cento.
No dia em que os sócios da Mutualista Covilhanense quiseram marcar a diferença, através do escrutínio, a instituição viveu momentos bastante atribulados, de ânimos exaltados, gritarias e empurrões. “Previa-se haver uma grande afluência de associados, contudo não se esperava que viessem todos ao mesmo tempo”, afirmou Ramiro Reis, presidente da direcção cessante. Mas para os associados, “a mesa de votos devia ter sido aberta às 10h00 e não às 14h00 e, já que não se pensou na sede como local ideal, que se tivesse aberto o auditório para o acto eleitoral, em vez da pequena sala de entrada da Associação”, referiam alguns dos associados que exerciam o seu direito de voto.
Ramiro Reis já esperava estes resultados por ter havido uma “forte campanha contra a direcção cessante, apoiada por pessoas que têm interesses na instituição”, sob o pretexto de que aquela só pretendia “pôr o médico na rua, portanto, os eleitores não foram votar na lista A, mas no médico” disse a mesma fonte. O polémico despedimento do médico parece estar na origem da contra campanha e consequente derrota da lista B. A revolta de alguns associados reside na possibilidade da Associação Mutualista Covilhanense “estar a servir interesses monetários”.
O ex-presidente deseja que a futura direcção faça o “um esforço de recuperação idêntico ao da sua direcção, porque a Mutualista Covilhanense tem mais de cem anos e precisa de mais pujança, mais dinâmica, para poder continuar a servir sob os pilares da solidariedade, sócios e futuros sócios”. Afirmou também que esta derrota “foi um cartão vermelho à força que aquela direcção tinha, de correr com algumas chefias que só se serviam daquela casa, para beneficiar interesses particulares e com um médico que manipula fortemente os sócios da Associação”. Portanto, Ramiro Reis, não vê o resultado como um cartão vermelho “propriamente dito, mas um votar no médico para que se mantenham os privilégios”. Garantiu ainda, não vislumbrar “um futuro risonho para a nova direcção, devido à situação deficitária em que a casa se encontra, necessitando de um controlo rigoroso”. O líder da lista B tem a consciência tranquila quantos aos esforços feitos e apoios conseguidos, enquanto geriu a instituição. Contudo deixou transparecer a possibilidade de um conluio, para a sua saída, defendendo que por trás de tudo “houve partidarismo nas eleições, nomeadamente a influência do Partido Socialista e do Partido Comunista e um estranho roubo da base de dados da associação” para o qual já foi encaminhado um pedido de averiguação ao Ministério Público.
Em conferência de imprensa, Carlos Casteleiro apresentou as intenções que movem a candidatura da sua lista. “Constituir uma equipa com recursos humanos, corpos sociais e associados será a melhor forma de fazer a associação viver e sorrir”, afirmou o novo presidente da Associação de Socorros Mútuos “Mutualista Covilhanense”.
“Igualdade, Liberdade, Fraternidade”, serão a base para as medidas a tomar pela nova direcção, que defende “estar marcada uma nova etapa na Mutualista”, etapa essa que não nasceu com esta vitória, mas que está na origem de um trabalho “longo, profícuo e de muita gente”.
Das medidas que a lista A tomará, Carlos Casteleiro evidencia a resolução de dívidas, tendo sido feitos desde já contactos com a Caixa Geral de Depósitos, a readmissão das chefias despedidas pela direcção anterior, uma inspecção respeitante às contas da associação, “para partir de uma base zero e não para encontrar irregularidades” e a importância de “não trazer partidarismos para dentro da associação, com os quais em nada se relacionam os apoios da Câmara Municipal da Covilhã”.
No que respeita a privilégios, o líder da lista A garante que se os seus familiares alguma vez necessitarem os serviços da Mutualista, “serão atendidos e pagarão tais serviços, conforme os critérios de selecção, sem qualquer tipo de favoritismo”.
A lista A propõe-se ainda a obter meios financeiros com a finalidade de integrar naquela associação uma unidade de enfermagem, um corpo clínico com mais especialidades, desenvolvimento da fisioterapia, actividades lúdicas e recreativas e abrir o lar à comunidade, com vista a diminuir a monotonia da vida diária dos utentes. A tomada de posse dos corpos gerentes eleitos terá lugar amanhã, quarta-feira 14, pelas 21h30, no auditório da Mutualista.