Inteligência Artificial
Porta aberta para o futuro

Se o mundo da ciência tem passos a dar na descoberta de novas tecnologias, a Inteligência Artificial é um dos caminhos possíveis. Esta é uma das principais ideias que se pode já retirar da 12ª Conferência de Inteligência Artificial que decorre na UBI até à próxima quinta-feira. Hoje o dia vai ser dedicado à ligação entre as Universidades e o mundo empresarial. Durante os quatro dias, as actividades que decorrem no Edifício das Engenharias, vão contar com a presença duas centenas de participantes.

Por Eduardo Alves

Gaël Dias, docente da UBI, é um dos organizadores desta iniciativa

Transferência de tecnologias entre institutos de investigação e empresas é o tema escolhido para as conferências sobre Inteligêngia Artificial (IA) que decorrem na UBI até à próxima quinta-feira, 8 de Dezembro. Mais de duas centenas de cientistas desta área estão presentes na Covilhã para participar num total de nove workshops dedicados ao tema.
Este tipo de encontros, que tem a chancela da Associação Portuguesa de Inteligência Artificial (APIA), decorre de dois em dois anos, avança Gaël Dias, docente do Departamento de Informática da UBI e um dos responsáveis pela organização. A primeira iniciativa do género teve lugar no Porto, em 1985. Desde então que a IA serve de tema para as reuniões de investigadores, docentes, alunos e curiosos deste ramo científico. Este encontro que é realizado pela primeira vez na UBI, “marca a importância esta instituição de Ensino Superior consegue alcançar”.
Gaël Dias é por esta altura um homem satisfeito. De entre os mais de 200 participantes, destaca os nomes de Andrew Phillips da Microsoft Research, no Reino Unido, de Hugo Liu do MIT, nos Estados Unidos da América e de Gregory Grefenstette do Commissariat à l'Énergie Atomique, em França. Nomes que representam “a qualidade e importância deste evento”, sublinha o docente. Mas se mais provas fossem necessárias, o mesmo refere ainda que vieram participantes de 30 nacionalidades com intervenções”bastante importantes nesta área”.




Dia das ligações

O Edifício das Engenharias, que acolhe o evento, vai hoje ser palco de um dia especial. Os organizadores promovem uma série de actividades entre as empresas de vários sectores e os alunos ou investigadores desta área. Gaël Dias refere que vão estar presentes representantes do Parkurbis, de algumas empresas que foram criadas nessa Parque de Ciência e Tecnologia, Mário Raposo, vice-reitor da UBI “e um especialista na área do empreendedorismo”, entre outras figuras.
Esta ligação entre várias partes “torna-se cada vez mais necessária”. Isto porque, nas palavras de Gaël Dias, “existem muitos projectos que por vezes não passam do papel ou do disco rígido do computador, porque os jovens mentores têm algum receio em criar as suas próprias empresas”. O docente e organizador desta iniciativa espera assim promover contactos para que “de futuro este cenário se altere”.
O mesmo sublinha também que hoje “não existe uma definição clara do conceito de Inteligência Artificial”. Na própria área, ao que parece, “existem vertentes distintas umas das outras”. Gaël Dias atesta que “existem pessoas que acreditam mais na parte racional da IA e outras na parte mais emotiva, mais virada para a psico-linguística”. Neste domínio, o docente lembra também as neuro-ciências e as ciências cognitivas. Desta forma, o organizador refere que se está a perder “a pouco e pouco a essência inicial da IA que era algo de muito específico, muito baseado na parte lógica do conhecimento, para se passar para uma abordagem mais estatística, tentando integrar as emoções e as subjectividades nesta área”.
Sobre o futuro o responsável, refere que “os próximos anos vão ser de importantes passos”. Até porque, “os campos de intervenção e aplicação da IA são imensos”. Neste momento, com aplicações desenvolvidas nesta área e aplicadas na Medicina “consegue-se, em certos casos, dar visão a uma pessoa cega”. A Medicina é, na perspectiva de Gaël Dias “um dos campos de maior utilização e crescimento da IA”. Mas esta área vai mais além, “aos têxteis inteligentes que se adaptam ao clima, ao tipo de utilização e ao meio que rodeia o utilizador, como é o caso dos bombeiros quando combatem os fogos, ou ainda na aeronáutica, com a colocação de sensores diferentes em várias partes das aeronaves para assim ajudar os seus pilotos a comandar os aviões e conferir mais segurança aos seus passageiros”. De todas estas aplicações e de muitas outras vai-se falar até quinta-feira na UBI.