A UBI tem um peso de
seis por cento no PIB da Cova da Beira e dois valores
percentuais a nível da Beira Interior. Estes são
alguns dos indicadores apresentados na passada sexta-feira,
2 de Dezembro, no colóquio sobre “Empreendedorismo
e Inovação, missão da Universidade
para o desenvolvimento regional”. Mário Raposo,
vice-reitor da UBI foi o anfitrião deste seminário
que juntou representantes da Universidade de Salamanca
e também da Extremadura.
Um encontro que serviu para apresentar os primeiros resultados
das observações que estão a ser feitas
no âmbito do projecto que junta quatro instituições
do Ensino Superior localizadas no interior da Península
Ibérica. Nesta iniciativa, encabeçada pela
UBI, participam também as universidades de Évora,
de Salamanca e da Extremadura. Um dos pontos fundamentais
“passa exactamente por medir a importância
e a capacidade de transformação que as instituições
desta natureza têm nas regiões do interior
dos dois países ibéricos”, explica
Mário Raposo.
Declarações que vão de encontro às
ideias de Ricardo Hernández, docente na Universidade
da Extremadura e coordenador das equipas regionais espanholas
de empreendedorismo. No entender de Hernández,
“os líderes políticos têm de
olhar para as universidades como motores de transformação
das sociedades”. Este especialista em empreendedorismo
dá o exemplo da região onde reside e onde
trabalha. Segundo o mesmo, a Extremadura espanhola, logo
após a criação de uma universidade
e de um governo regional, “que apoia de forma marcante
os projectos da instituição de Ensino”,
conheceu, segundo o mesmo, “um crescimento económico
extraordinário”.
Tal facto, na perspectiva de Ricardo Hernández
fica a dever-se “à aplicação
das ideias que surgem na universidade, no mercado de trabalho,
no tecido económico, nas empresas locais”.
Para este docente, “as ideias que surgem no seio
da universidade são colocadas em prática
naquela zona do país”. Daí que a instituição
do Superior seja encarada como “o motor da economia”.
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Menos burocracias e mais capital de risco
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A criação de uma empresa, “ainda
está envolta em muitas burocracias”. No entender
de Mário Raposo, “o nosso País, se
quer evoluir nesta matéria, tem de mudar rapidamente”.
Isto porque, os projectos que agora surgem através
de incubadoras de empresas e parques de ciência
e tecnologia como o Parkurbis, “encontram ainda
bastantes entraves à sua criação”.
Hoje um jovem empreendedor “tem de perder muito
tempo e vencer muitas burocracias, para conseguir dar
continuidade aos seus projectos”. Desta forma, o
vice-reitor da UBI defende uma desburocratização
“e um melhor acesso ao capital de risco”.
Outro dos pontos focados no encontro prende-se com as
abordagens económicas feitas pela Comunicação
Social. “Se uma empresa encerrar e lançar
no desemprego 50 pessoas, isso é notícia
de destaque”, o mesmo parece não acontecer,
segundo Mário Raposo “se uma empresa é
criada e com ela se abrem 50 ou cem postos de trabalho”.
Pablo Gallego, docente e responsável pelos projectos
de empreendedorismo na Universidade de Salamanca sublinhou
também a importância “dos jovens com
projectos viáveis” terem acesso a capital
de risco para concretizar as suas ideias. Segundo este
docente “este tipo de apoio deveria de surgir de
forma mais simples”. Isto porque, na óptica
deste investigador, “muitos jovens saem das universidades
com projectos de empresas bastante viáveis mas
acabam por não arriscar em criar o seu próprio
negócio porque desconhecem as formas de conseguir
apoio e têm receio da burocracia excessiva.
Segundo este responsável, os resultados que até
agora estão a ser obtidos pelas quatro universidades
do interior da Península Ibérica são
já “bastante elucidativos”. Gallego
afirma que “todas as regiões têm nas
suas universidades motores económicos e sociais”.
Daí que este docente avance mesmo com um pedido
de “políticas de apoios específicos
a estas instituições”. No entender
de Gallego, as universidades do interior “deviam
de ser mais ajudadas que as do litoral”.
Um dos convidados para este evento foi Roy Thurik, especialista
holandês em empreendedorismo. Segundo este investigador,
“o actual sistema europeu de Ensino está
caduco”. Isto porque hoje, a carreira académica
“dá mais importância ao trabalho de
um docente publicado numa revista americana do que se
este mesmo profissional encetar ligações
a empresas, fomentar o espírito empreendedor nos
seus alunos e aplicar metodologias de Ensino mais práticas”.
Para Thurik, “o espírito empreendedor tem
ser implementado desde tenra idade”.
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