UBI debate papel das universidades
Empreender o Interior

Responsáveis por universidades portuguesas e espanholas, localizadas no interior da Península Ibérica analisaram a importância destas instituições no crescimento das áreas onde estão inseridas. No seminário que teve lugar na UBI voltou a falar-se em empreendedorismo.

Por Eduardo Alves

O empreendedorismo voltou a estar no centro das atenções

A UBI tem um peso de seis por cento no PIB da Cova da Beira e dois valores percentuais a nível da Beira Interior. Estes são alguns dos indicadores apresentados na passada sexta-feira, 2 de Dezembro, no colóquio sobre “Empreendedorismo e Inovação, missão da Universidade para o desenvolvimento regional”. Mário Raposo, vice-reitor da UBI foi o anfitrião deste seminário que juntou representantes da Universidade de Salamanca e também da Extremadura.
Um encontro que serviu para apresentar os primeiros resultados das observações que estão a ser feitas no âmbito do projecto que junta quatro instituições do Ensino Superior localizadas no interior da Península Ibérica. Nesta iniciativa, encabeçada pela UBI, participam também as universidades de Évora, de Salamanca e da Extremadura. Um dos pontos fundamentais “passa exactamente por medir a importância e a capacidade de transformação que as instituições desta natureza têm nas regiões do interior dos dois países ibéricos”, explica Mário Raposo.
Declarações que vão de encontro às ideias de Ricardo Hernández, docente na Universidade da Extremadura e coordenador das equipas regionais espanholas de empreendedorismo. No entender de Hernández, “os líderes políticos têm de olhar para as universidades como motores de transformação das sociedades”. Este especialista em empreendedorismo dá o exemplo da região onde reside e onde trabalha. Segundo o mesmo, a Extremadura espanhola, logo após a criação de uma universidade e de um governo regional, “que apoia de forma marcante os projectos da instituição de Ensino”, conheceu, segundo o mesmo, “um crescimento económico extraordinário”.
Tal facto, na perspectiva de Ricardo Hernández fica a dever-se “à aplicação das ideias que surgem na universidade, no mercado de trabalho, no tecido económico, nas empresas locais”. Para este docente, “as ideias que surgem no seio da universidade são colocadas em prática naquela zona do país”. Daí que a instituição do Superior seja encarada como “o motor da economia”.




Menos burocracias e mais capital de risco

A criação de uma empresa, “ainda está envolta em muitas burocracias”. No entender de Mário Raposo, “o nosso País, se quer evoluir nesta matéria, tem de mudar rapidamente”. Isto porque, os projectos que agora surgem através de incubadoras de empresas e parques de ciência e tecnologia como o Parkurbis, “encontram ainda bastantes entraves à sua criação”. Hoje um jovem empreendedor “tem de perder muito tempo e vencer muitas burocracias, para conseguir dar continuidade aos seus projectos”. Desta forma, o vice-reitor da UBI defende uma desburocratização “e um melhor acesso ao capital de risco”. Outro dos pontos focados no encontro prende-se com as abordagens económicas feitas pela Comunicação Social. “Se uma empresa encerrar e lançar no desemprego 50 pessoas, isso é notícia de destaque”, o mesmo parece não acontecer, segundo Mário Raposo “se uma empresa é criada e com ela se abrem 50 ou cem postos de trabalho”.
Pablo Gallego, docente e responsável pelos projectos de empreendedorismo na Universidade de Salamanca sublinhou também a importância “dos jovens com projectos viáveis” terem acesso a capital de risco para concretizar as suas ideias. Segundo este docente “este tipo de apoio deveria de surgir de forma mais simples”. Isto porque, na óptica deste investigador, “muitos jovens saem das universidades com projectos de empresas bastante viáveis mas acabam por não arriscar em criar o seu próprio negócio porque desconhecem as formas de conseguir apoio e têm receio da burocracia excessiva.
Segundo este responsável, os resultados que até agora estão a ser obtidos pelas quatro universidades do interior da Península Ibérica são já “bastante elucidativos”. Gallego afirma que “todas as regiões têm nas suas universidades motores económicos e sociais”. Daí que este docente avance mesmo com um pedido de “políticas de apoios específicos a estas instituições”. No entender de Gallego, as universidades do interior “deviam de ser mais ajudadas que as do litoral”.
Um dos convidados para este evento foi Roy Thurik, especialista holandês em empreendedorismo. Segundo este investigador, “o actual sistema europeu de Ensino está caduco”. Isto porque hoje, a carreira académica “dá mais importância ao trabalho de um docente publicado numa revista americana do que se este mesmo profissional encetar ligações a empresas, fomentar o espírito empreendedor nos seus alunos e aplicar metodologias de Ensino mais práticas”. Para Thurik, “o espírito empreendedor tem ser implementado desde tenra idade”.

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