Rui Sena é um dos responsáveis
pelo Festival Y
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Festival Y
Comemorar a cultura
alternativa
“A Quarta Parede-
Associação de Artes Performativas da Covilhã
tem o prazer de convidar todos os participantes a comemorar
mais um ano de Festival Y.” O convite estava feito.
E os amigos não se fizeram rogados: encheram o
bar “Dom Tinto” para celebrar a data.
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Por José
Reis
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Sob a noite escura e fria,
a luz baixa confere maior intimidade ao espaço. Ao
canto, um projector debita imagens de um passado recente,
expressões e gestos de uma vida. As mesas, dispostas
simetricamente, enchem-se de convivas, por entre risadas
e conversas descontraídas. Copos de vinho passam
de mão em mão, cúmplices em mais um
ano de grandes sucessos.
O “cenário” está montado. E o
palco previamente definido: o bar “Dom Tinto”.
“Achamos agradável a ideia deste convívio
entre quem participa e quem organiza o Festival Y. É
uma forma de dizer que ainda estamos vivos”, diz Rui
Sena, director artístico da “Quarta Parede”,
aludindo ao encontro de amigos, na passada quarta-feira,
30.
A “Quarta Parede” (“a barreira invisível
que separa os espectadores dos intervenientes de uma peça”),
promotora do convívio e responsável pela coordenação
do Festival Y, é uma associação covilhanense
que procura “promover, junto do público, as
artes performativas, como a dança, o teatro, a música.
E este festival é o exemplo desta nossa vontade,
possibilitando à região o acesso a espectáculos
que, habitualmente, não passam pelo Interior”,
esclarece Sena, para quem “o mais importante é
agradar aos públicos mais heterogéneos”.
Este festival cultural conta já três edições.
Este ano, o evento custou “cerca de setenta mil euros”
e apresentou uma programação mais diversificada,
desde a dança aos espectáculos multimédia.
Contudo, o cenário de edições anteriores
repetiu-se: “O festival e todas as formas de arte
não atraem tanta gente como se pensa. Os jovens são
os que mais aderem, devido aos seus espíritos mais
abertos e a uma maior curiosidade por este segmento. Mas
ainda continuam a ser uma minoria”, vaticina o responsável.
Opinião partilhada por Celina Gonçalves, aluna
da Universidade da Beira Interior (UBI) e elemento da associação.
Para ela, “os jovens, principalmente os universitários,
só dão importância aos copos a às
noites baratas. Tudo o resto é esquecido”.
O Festival Y (“um festival Young”, como confidencia
uma das participantes) é somente a parte visível
de todo um projecto. No entanto, “a Quarta Parede
organiza espectáculos todos os meses e realiza vários
workshops. Neste momento, estamos com uma formação
em marionetas, que queremos levar a jardins-de-infância
e escolas primárias, no próximo ano”,
avança o director artístico. E enaltece: “Entendemos
que devemos pôr os espectadores como elementos activos
numa dada performance. O público é o elemento
essencial de um espectáculo”.
Apesar dos parcos apoios disponibilizados pelo Instituto
das Artes, a associação cultural não
baixa os braços. Finda a edição 2005,
“começamos já a trabalhar no próximo
Festival Y, em 2006. Acredito no sucesso do nosso trabalho,
é o que me ajuda a continuar”, conclui Rui
Sena.
A música continua a ecoar, os copos tocam-se num
brinde, o pano cai. Para o ano, promete-se, há mais. |
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