António Fidalgo

Boas universidades e bons professores


Em artigo recente no New York Review of Books, intitulado “The Truth About the Colleges”, aparecem dois interessantes quadros, um com as 12 universidades mais procuradas e outro com as universidades cujos professores, segundo os estudantes, melhor e pior leccionam. São quadros completamente distintos. Harvard, Princeton, Yale e Columbia aparecem no topo do primeiro quadro. Apenas 10% dos candidatos entram nas primeiras duas e 11% em Yale e na Columbia. Dos que são aceites, acabam por se inscrever 78% em Harvard, 73% em Princeton, 67% em Yale e 62% na Columbia. Melhor do que elas neste campo fica a universidade de Stanford que admitindo 13% dos candidatos consegue uma taxa de inscrição de 79% dos admitidos.

No segundo quadro sobre a classificação dos professores pelos alunos e intitulado “Professors Bring Material to Live”, o topo é ocupado por Reed, Carleton e Wabash com taxas de satisfação de 99%. Apenas Amherst que ocupa a 8ª posição na primeira tabela figura também nas instituições de ensino com melhor desempenho lectivo, 6ª posição. Nesta escala de satisfação (de 60 a 100) dos alunos relativamente aos seus professores (foram entrevistados 110 mil alunos em 357 universidades), universidades da primeira tabela aparecem no fundo. A UCLA aparece com 61%, Harvard com 69%, Berkeley e Columbia com 70%!

Que existam maus professores em boas universidades é tão normal como o existirem bons professores em más universidades. O que não é normal é que o desfasamento seja tão grande quanto à apreciação do conjunto. Pode ser que a médio e a longo prazo o grau de satisfação dos alunos relativamente aos seus professores se reflicta na procura, mas o que no imediato estes números mostram é que as universidades são mais procuradas pelo prestígio do que pela excelência pedagógica dos seus docentes. A história, o nome, a localização, jogam um papel crucial nas preferências dos candidatos. Provavelmente a elevada taxa de inscrição de Stanford deve-se ao facto de entre as universidades mais procuradas ser a única na costa oeste, na Califórnia.

Em Portugal também existe um ranking de rabo de fora das universidades. É o de preenchimento de vagas na 1ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior. O IST ocupa claramente o 1º lugar nas engenharias, o ISCTE nas ciências sociais, e todas as universidades com medicina são muito procuradas nesse curso. Mas os grandes critérios de escolha são os de proximidade à boa maneira latina: quem puder frequentar um curso ficando a morar com os pais, de certeza que o prefere a um outro com melhores professores e melhores condições de estudo, laboratórios e bibliotecas.

O desfasamento verificado nos Estados Unidos obriga pelo menos a fazer também aqui em Portugal a distinção e a separação entre a procura de um curso e a qualidade dos respectivos professores.