António Bento, docente da UBI, falou sobre Kafka e o Cânone
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Conferências e Colóquios 2005
Kafka e o Cânone
No âmbito
das Conferências e Colóquios 2005 do Instituto
de Filosofia Prática, realizou-se a última
conferência que se intitulou "Kafka e o Cânone".
O orador convidado foi António Bento, docente da
UBI.
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Por Neuza Correia
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António Bento,
professor no Departamento de Comunicação e
Artes, falou de “Kafka e o Cânone”, no
dia 24 de Novembro, durante o fecho das Conferências
e Colóquios do Instituto de Filosofia Prática
(IFP). O docente referiu o “medo” que sente
das pessoas que não lêem nem conhecem este
autor, pois é habitual utilizarem o termo «kafkiano»
sem propriedade.
Durante a apresentação, Bento fez referência,
entre outros, a autores como Harold Bloom, que também
estudaram Kafka.
Sobre os textos de Kafka, e em ligação com
o cânone, referiu que se a tradição
é um vírus, o cânone é o seu
código. Bloom considera «Kafka o autor mais
canónico». “O cânone seria uma
replicação da tradição pois
exerce um poder discreto”, lembrou o docente.
“As parábolas de Kafka são como espectros
que afastam momentaneamente as sombras dando-lhes forma
e contornos” explica António Bento, acrescentando
ainda que “o que justifica a parábola é
que ela seja uma luta contra a opacidade com os meios da
própria opacidade”.
O docente referiu-se também ao conceito de “Revelação”:
“o mundo de Kafka é o mundo da Revelação,
mas de uma Revelação que se volta para o seu
nada: o nada da Revelação”.
Walter Benjamin e Gershom Scholem foram autores também
referidos nesta conferência, tendo sido dada mais
importância a Scholem. Também a religião
judaica esteve em foco durante o colóquio. Nele se
referiu que a palavra de Deus é incompleta e sem
tradição, pois a tradição é
a linguagem, é a revelação oral do
judaísmo.
Esta última conferência do ciclo do IFP debruçou-se
sobre as parábolas kafkianas e aqueles que as estudaram,
e ficou marcada pela discussão da cultura judaica
e sua tradição. |
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