Um texto do conhecido escritor português foi adaptado para esta peça
"Auto da Fama"
Farsa de Gil Vicente integra festival

O Teatro da Beiras tomou a iniciativa de organizar mais uma festival, sendo que as representações teatrais têm conquistado miúdos e graúdos durante 13 dias de espectáculos. O “Auto da Fama” de Gil Vicente representada pelo Centro dramático de Évora fez parte do cartaz do evento.


Por Esmeraldina Costa


Uma farsa sobre a identidade nacional presenteou os muitos espectadores que vieram assistir a mais uma representação do Festival de Teatro da Covilhã. Várias escolas da região têm vindo a ocupar as bancadas do Teatro das Beiras, para aplaudir companhias de teatro de todo o País.
Esta farsa de Gil Vicente é uma genuína caricatura da perda dos tempos áureos de Portugal. Uma “mocinha” das beiras chamada Fama Portuguesa, guardava patos na companhia de um parvo chamado Joane. A mocinha tinha grande orgulho de ser portuguesa, detentora de uma identidade própria que já era nacional. Todos queriam a Fama portuguesa, a França, a Itália, e Castela, todas representadas por personagens típicas, reveladoras de sotaques próprios desse países.
A linda mocinha no entanto não queria nada com eles, apesar das “grandes fortunas” dessas nações. A moça das beiras tinha as suas patas, o tolo e os limites do mundo, representado por um globo simbólico das conquistas portuguesas, em varias partes do mundo.
Só que a história da mocinha dá uma reviravolta, pois o que ela julgava que era seu para sempre perdeu-se quando percebeu que as conquistas portuguesas foram, passo a passo, entregues a outras potências. Toda esta encenação foi sustentada por diálogos rebuscados e por um grande acompanhamento musical.
Há mais de 25 anos que o Centro Dramático de Évora (Cendrev) encena espectáculos de Gil Vicente tendo realizado 500 sessões por todo o País, de variadas peças daquele que é considerado como um dos “ verdadeiros pilares da nossa identidade nacional”.