As maternidades dos hospitais de Castelo Branco, Covilhã e Guarda estão excluídas, por enquanto, do lote das que vão encerrar pelo Ministério da Saúde. A garantia foi dada por Jorge Branco, o novo presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CNSMN).
Depois de uma reunião, que decorreu no passado dia 2, a CNSMN aprovou para uma primeira fase o encerramento de apenas três ou quatro maternidades no País, onde “a possibilidade de encerramento nos três hospitais da Beira Interior não foi abordada”, esclarece ao Diário XXI Jorge Branco, desde Fevereiro de 2005 substituto do professor Albino Aroso na liderança da Comissão. O responsável, contudo, não quer adiantar as que serão afectadas pela decisão, uma vez que a lista só será divulgada depois de ser dado conhecimento da proposta ao ministro da Saúde, Correia de Campos. Apesar disso, assegurou desde já que nenhuma das maternidades da Beira Interior está incluída nesta primeira fase, nem o seu encerramento “está previsto para este ano, nem pouco mais ou menos”.
Jorge Branco afirma ainda que “os encerramentos no País não serão objecto de decisões unilaterais”, onde as discussões com os agentes da saúde, nomeadamente com os médicos e com as populações têm de existir. “No caso de não haver entendimento, alguém terá de decidir, mas acho que não será o caso [da Beira Interior]”, acaba por concluir, ainda em declarações ao mesmo diário.
Covilhã privilegiada para concentração de serviços
O estudo que está na base para o fecho das maternidades foi encomendado a Albino Aroso pelo anterior Governo PSD/CDS-PP e apontava para a concentração dos serviços no Centro Hospitalar Cova da Beira, na Covilhã, encerrando então as maternidades de Castelo Branco e da Guarda. Esquecido devido à instabilidade governativa, o estudo foi agora recuperado pelo Governo de Sócrates, nomeadamente pelo ministro da Saúde, Correia de Campos. Os argumentos invocados são em tudo semelhantes aos apresentados pelo antigo ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, apontando para o encerramento de 15 serviços em todo o País.
No caso da Beira Interior, o estudo defendia que as três maternidades teriam de se entender para que os partos passassem a ser realizados apenas num dos hospitais. Ideia essa que nunca foi aceite bem nem em Castelo Branco nem na Guarda. A localização estratégica da Covilhã, bem como o facto de a maternidade estar integrada na Faculdade de Medicina da UBI, tornavam a Cidade Neve como o sítio privilegiado para a concentração dos serviços, pelo que, por parte desta cidade, nunca houve grandes opositores.
O estudo recomenda o encerramento das maternidades que fiquem aquém dos mil e 500 partos por ano. Esta situação verifica-se nos três hospitais da Beira Interior, que registaram entre dois mil e 100 e dois mil e 200 partos por ano. Desta forma, os serviços deveriam ser concentrados, passando a funcionar apenas uma das unidades de maternidade da Beira Interior. Em relação a esta questão, em Outubro passado, o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, Fernando Regateiro limitou-se a dizer que, na Beira interior, alguma maternidade havia de continuar a existir, não adiantando, no entanto, qual delas seria a sobrevivente, “por ainda ser muito cedo para dar certezas”. |