O quotidiano de uma mulher portuguesa é retratado na peça
Outras formas de teatro
Triologia do corte

Em “Trilogia do Corte” é-nos apresentada a típica mulher portuguesa ao som de uma guitarra amargurada. As mostras de vídeo-dança também contribuem para o Festival Y cumprir neste dia os seus objectivos de interligar o teatro, a música e a dança. Uma diversidade disciplinar que une o passado e o presente, uma cultura popular com uma contemporânea.


Por Ana Sofia Pires


Na peça apresentada por Margarida Mestre, o som da guitarra portuguesa de João Lima acompanha a história trágica do percurso de Mariquinhas, que conta e canta os amores, as tragédias e a morte. Mariquinhas perdida, desorientada denuncia na atitude, na caracterização e na relação com o sexo oposto traços da típica mulher portuguesa.
São trinta minutos desta viagem de lamúrias dividida em três actos (“Fado Fiado”, “I will do it” e “Bloody End”), que revelam no corpo, na voz e na guitarra as emoções de “uma mulher com uma faca na mão”. Na performance, interpretando Mariquinhas, Margarida Mestre canta um fado da sua autoria, que, juntamente com a guitarra, despertam a memória cultural. O jazz e a sonoridade do mundo árabe também contribuem para expressar todo o fatalismo.
A dança e a voz acrescentadas à guitarra carpideira são ferramentas perfeitas nesta tragédia assombrada pela morte. Esta noite do festival contou também com uma mostra de vídeo-dança em que se projectaram três filmes com coreografias distintas.
“Labirinto” é uma peça proveniente da Eslovénia em que a música, a coreografia e as imagens de campos de refugiados da ex-Jugoslávia apresentam um carácter documental que demonstra assumidamente uma vertente política.
Filmado nos alpes suíços, “Rainhas por um dia” é um vídeo único vencedor de vários prémios. O espaço exterior como palco para os bailarinos é um cenário cheio de imagens deslumbrantes, figurantes locais, sons naturais em harmonia.
“O Corpo” vem do Brasil e trata-se de um vídeo-dança que apresenta uma enorme vitalidade e rigor na interpretação dos bailarinos. Esta proposta tem a banda sonora original de Arnaldo Antunes, conhecido pela participação no álbum “Tribalistas”.