Paulo Ferrinho*
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Fórum Pedagogia 2005
Associação
Académica da Universidade da Beira Interior realizou
nos passados dias 29 de Setembro e 06 de Outubro de 2005
o Forúm Pedagogia que teve como temática
essencial a discussão do novo modelo de organização
decorrente da aplicação da Declaração
de Bolonha.
Foi, sem dúvida, um marco importante na discussão
pedagógica no seio da UBI, potenciando o esclarecimento
de muitas dúvidas que entretanto tinham surgido
e amplificando de forma responsável e coerente
muitas das preocupações dos alunos da instituição
em relação ao Projecto de Despacho sobre
a Organização Pedagógica, Administrativa
e Escolar apresentado pela Reitoria da UBI.
Foi fundamental verificar que os alunos da UBI estão
empenhados em adaptarem-se ao novo quadro legal consubstanciado
pelo Dec.-Lei 42/2005, de 22/02 e conscientes que necessariamente
terão de ajustar os seus métodos de estudo
e de trabalho à nova malha jurídica.
A AAUBI defendeu no Forúm e foi comummente aceite
pelos alunos que a única forma de cumprir o artigo
5.º do Decreto-Lei supra referido no que concerne
às horas de trabalho (1 600 horas) passa pela consciencialização
da importância da assiduidade e pela presença
efectiva tanto nas aulas como no auto-estudo. Somos inquestionavelmente
a favor que os alunos vão às aulas, pois
lhes trará o benefício de acompanhar com
mais acutilância os conteúdos programáticos
e, consequentemente, reduzir-se-á o tempo de recuperação
de estudo.
Nesta lógica, é também aceite cabalmente
pela AAUBI que a classificação final do
aluno deverá reflectir esta assiduidade bem como
o tempo de estudo realizado fora das unidades de contacto,
vulgo sala de aula.
A questão pertinente levanta-se na mensuração
que deverá ser atribuída a estas duas variáveis
fundamentais na avaliação do aluno. Como
é óbvio, não existem modelos perfeitos.
Não existem, igualmente, bases de comparação
com outras Universidades, pois cada uma poderá
escolher o modelo pedagógico que melhor se coadune
com a sua realidade intrínseca.
Pensamos que a UBI deverá optar por uma modelo
onde os alunos tenham uma palavra decisiva, onde os alunos
possam discutir de forma tranquila, serena, madura e responsável
com o docente tendo em conta as especificidades de cada
curso, com a gestão de conflitos a ser assumida
pelos Directores de Curso.
Uma verdade absoluta existe neste assunto, quer queiramos
quer não: só seremos competitivos na Europa,
só poderemos promover o reconhecimento, a mobilidade
e a empregabilidade dos nossos colegas, futuros licenciados,
se tivemos coragem, neste momento, para alterar os preconceitos,
tabus, rotinas, modelos que estão viciadamente
impregnados no nosso quotidiano estudantil.
O comboio da Bolonha está em andamento, cabe-nos
decidir se o queremos apanhar.
A AAUBI pensa que devemos aproveitar este ano para, num
debate profundo no seio da UBI, procurarmos pontos de
contacto e consensos alargados para conseguirmos respeitar
o paradigma de Bolonha e estruturar a Universidade da
Beira Interior como um sistema único, eficaz, participado
e, sobretudo, que faça a síntese das preocupações
dos docentes, discentes e da Reitoria.
Com inteligência, participação e espírito
aberto somos capazes de ultrapassar todas as resistências
que são inerentes a qualquer processo de mudança.
Basta, para isso, empenharmo-nos com espírito aberto,
sem sectarismos, radicalizações ou presunções
de superioridade moral e intelectual.
* Dirigente da Associação Académica
da Universidade da Beira Interior |