Em Maio de 2002 a empresa encerrou alegando falta de encomendas
Guarda
Empresário compra património da Gartêxtil

Logo no primeiro lance do leilão, Antero Marques, empresário da cidade, fica com o património da fábrica que faliu. Porém, ainda não sabe o que vai fazer com as instalações. Sindicato diz que valor da venda não foi o justo.


NC / Urbi et Orbi


O património da fábrica têxtil Gartêxtil, da Guarda, foi vendido na passada semana, 28 Outubro, em hasta pública, por 1,660 milhões de euros a um empresário da cidade, concluindo assim um processo de falência decretado em Abril deste ano.
Trata-se de uma unidade fabril que empregava cerca de duas centenas de trabalhadores, a maioria mulheres, dedicada às confecções, pertencente ao grupo Carveste, sedeado em Caria, Belmonte. Os trabalhadores reclamam o pagamento de indemnizações de aproximadamente 1,5 milhões de euros de dívidas de salários e subsídios.
O leilão da empresa, estabelecida na Guarda-gare, foi decidido logo no primeiro lance de Antero Cabral Marques, empresário ligado ao sector imobiliário na Guarda, que disse aos jornalistas não saber "o que vai fazer-se das instalações". O empresário arrematou o imóvel, recheio, maquinaria, mercadoria e área envolvente da fábrica.
A Gartêxtil estava hipoteca à Caixa Geral de Depósitos, a principal credora da firma, que reclamava o pagamento de 3,1 milhões de euros e a sua prioridade face aos créditos dos trabalhadores. Contudo, Carlos João, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Ata (STBA), afirmou que o montante pelo qual foi adjudicada a venda da fábrica cobre os créditos dos operários e que estes, face ao novo Código de Trabalho, possuem "prioridade" nos pagamentos.
O sindicalista entende que a Gartêxtil "não foi vendida pelo valor justo" e lamentou que "o Estado tenha investido em quatro anos cerca de dois milhões de euros nesta empresa" para viabilização e que "ninguém tenha fiscalizado o investimento, o que significa que o processo concluído é uma derrota para o próprio Estado". Entretanto, a Caixa Geral de Depósitos ainda não reconheceu a posição dos trabalhadores que suspenderam ou cessaram o contrato de trabalho depois da crise que afectou a fábrica, pelo que está prevista uma audiência de conciliação no Tribunal Judicial da Guarda.
A Gartêxtil encerrou em Maio de 2002 quando, alegando a falta de encomendas, a administração "mandou para férias forçadas os trabalhadores", que se confrontaram no mês seguinte com o encerramento da empresa.