José Geraldes

Escolas e o IC6


1. Os “rankings” das escolas secundárias aí estão de novo com opiniões para todos os gostos. Há vozes que se levantam até a pôr em questão a publicação destes “rankings” mas, do que não há dúvidas, é que os seus resultados nos fornecem indicações interessantes e a ter em conta.
Há escolas que devido a estes elementos indicadores fizeram um esforço enorme e subiram na tabela classificativa. Se não tivesse havido “ranking” nem as escolas se apercebiam do estado em que se encontravam. Só por isto vale a pena publicar o “ranking”.
Nos jornais, há discrepâncias na tabela classificativa. Não obstante a limitação destes dados, os elementos fornecidos constituem matéria para reflexão em ordem ao futuro.
Os resultados globais dão a primazia ao ensino particular. Nove das dez escolas secundárias mais bem classificadas pertencem a este ramo de ensino. As duas escolas públicas melhor colocadas estão na Região Centro, em Coimbra. E mais uma vez as notas de Matemática mais baixas concentram-se no Interior.
Na Cova da Beira, uma escola particular, o Externato de Nossa Senhora dos Remédios, nas médias, fica à frente das escolas da Covilhã e a Pedro Álvares Cabral de Belmonte tem a média mais alta, logo seguida da Escola Secundária do Fundão.
Sem pôr em causa a escola pública, o Estado não pode continuar a criar dificuldades ao ensino particular, pois os resultados obtidos mostram a sua força e o seu mérito. Como o diz a Constituição, os pais são livres de escolher livremente o tipo de ensino para os eus filhos mas é preciso que o Governo dê os apoios financeiros necessários.
Para quando o cheque-ensino para que o ensino particular fique em pé de igualdade com o ensino público?

2. Os autarcas têm razão. Este PIDDAC (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) não adianta muito para a Beira Interior. O distrito da Guarda, então, só recebeu umas migalhas e foi certamente para não estar ausente do documento.
Quanto o nosso distrito esperava-se muito mais. Se bem que o concelho da Covilhã seja o segundo melhor contemplado, é lamentável que a questão do IC6, itinerário fundamental para Coimbra, fique de fora.
As dotações para a Faculdade de Medicina são mais que justas e importa levar este projecto a bom termo. Mas o Departamento de Psiquiatria ficou esquecido embora tenha uma candidatura à Saúde XXI.
Quanto ao IC6, lá vamos estar mais uns anos para que esta via seja lançada, tendo de continuar a levar os doentes para o Hospital da Universidade por estradas perigosas. E não se fazendo o caminho por menos de duas horas e meia. E, se já está pronto o projecto do troço Covilhã-Unhais, que razões adiam o seu lançamento. Não se compreende a atitude da omissão.
O IC6 não é uma reivindicação de luxo mas uma necessidade cada vez mais urgente. Que é preciso ainda fazer para meter na cabeça dos autores do PIDACC que o IC6 é como pão para boca para os residentes nesta Região?
O País, mas todo o País, deve ser solidário na contenção financeira. Mas as regiões deprimidas com empresas a fechar e problemas de desenvolvimento em catadupa devem merecer uma atenção dos poderes centrais.
Não queremos continuar com uma linguagem retórica para o Interior mas exigimos uma vontade política clara para não fiarmos no rol dos esquecidos.