Por Nuno Fernandes



Este segundo encontro reuniu cerca de 70 bloggers

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Bloggers, estudantes do fenómeno e curiosos, participaram no II Encontro de Weblogs, realizado na Universidade da Beira Interior, para continuarem a estudar o fenómeno, e registarem evoluções ou alterações.
Durante o encontro efectuaram-se actividades de “Grupos de Trabalho” que analisaram a situação em campos como o jornalismo, a política, o ensino, a cultura, a imagem e no contexto organizacional.
Ricardo Araújo Pereira, um dos “Gatos Fedorentos”, participou na sessão de abertura deste encontro falando da sua experiência pessoal enquanto blogger destacando que o objectivo do blogue «não era transmitir opiniões sobre coisas, isso contrastava com os outros blogues». Araújo Pereira afirmou ainda nunca ter pensado em «fazer um blogue sério, ou sozinho».
Para Luís Santos, docente da Universidade do Minho, autor do Atrium e orientador do grupo de trabalho de jornalismo, o mundo blogue, em dois anos, assistiu a uma mudança do formato que «evoluiu», notando que «a existência dos blogues está mais sedimentada, as pessoas habituaram-se à palavra».
Hoje em dia, segundo este blogger, as discussões sobre este mundo centram-se muito mais nas «potencialidades do blogue», nas várias «formas que o formato pode, ou não, adoptar» e perdeu-se a típica discussão se «os blogues seriam moda ou não, se seriam ou não jornalismo».
Sílvio Mendes, aluno de Comunicação Social da Universidade do Minho, que participou pela segunda vez num encontro do género, notou que actualmente «já se procura outra coisa» em termos organizativos neste tipo de encontros. Destacou ainda a evolução que se registou em dois anos, permitindo ver o que «sobrevive ou não» na blogoesfera. Observando-se claramente um «enorme potencial no mundo dos blogues», ainda falta definir o que irá acontecer.
Porém, nem só bloggers participaram no II Encontro de Weblogs. Nélia Sousa veio ao encontro para «saber no que consiste um blogue» e tentar perceber porque é que «as pessoas se interessam por este fenómeno». Uma maior consciência do que é um blogue, e uma maior «vontade de conhecer mais» foi o que levou esta participante ao encontro.
Na iniciativa realizada na Covilhã também se falou no futuro, sendo que o III Encontro de Weblogs, irá realizar-se na Universidade do Porto, conforme Fernando Zamith avançou «vamos discutir se vai ser já para o ano» ou se, se opta por um modelo de «de dois em dois anos».




Discussão deu bons frutos

João Canavilhas, docente do departamento de Comunicação e Artes, e um dos organizadores do II Encontro de Weblogs, manifestou alguma decepção quanto ao número de presenças no encontro, já que «tínhamos expectativas de chegar às 150 pessoas e ficamos pelas 70”. Canavilhas fala em decepção, no sentido “de haver expectativas mais altas, devido à dinâmica que continua a existir na blogoesfera”.
Apesar disso o número mais baixo de presenças permitiu que a discussão fosse «profícua», devido à «série de questões que se levantaram» levando a que o baixo número de participantes fosse um contrapeso, isto porque o número alto de participantes «em termos de organização é importante», mas em termos de discussão de fenómeno «a qualidade ainda é mais importante».
Para este docente a pouca participação de alunos da Universidade da Beira Interior é estranha, devido ao preço do encontro, mas «choca um bocado ter dois alunos da UBI, quando temos dez alunos da Universidade do Minho».
Quanto ao futuro dos blogues a «ética será um campo por onde vamos evoluir», mas o problema pode ser a tendência de cristalização da blogoesfera perdendo as características de «espaço plural» e de «ágora moderna», porque deve-se analisar se vale a pena «pensar na blogoesfera os mesmos assuntos que se pensaram na mediaesfera».




Ricardo de Araújo Pereira participou na sessão de abertura



“Não voltaremos à televisão até ao final do ano”



Depois do blogue, da televisão, do livro, do sudoeste, o Gato Fedorento, um dos blogues mais conhecidos a nível nacional, encontra-se parado. Ricardo Araújo Pereira, um dos Gatos, na sessão de abertura do II Encontro de Weblogs, realçou que «o programa de televisão e o blogue só têm em comum os autores e o título», embora um ou outro texto do blogue possa ter-se transformado num scketch do programa.
Quando questionado sobre o fenómeno do Gato, Ricardo Araújo Pereira, brinca com a situação referindo que «neste momento devíamos ter uma religião montada, e não temos, culpo os fãs por isso», considerando que o Gato «cresceu muito mais do que estávamos à espera, isso sem dúvida nenhuma».
Quando questionado sobre a hipótese de Francisco Penim, que apostou no “Gato Fedorento” para a grelha da SIC Radical, convidar o quarteto a voltar a antena da SIC, Ricardo Araújo Pereira diz que não sabe responder a essa pergunta, mas as coisas continuam na mesma em relação à SIC, «nós saímos da SIC pelas razões que são conhecidas e na nossa perspectiva as coisas continuam na mesma».
«Não voltaremos à televisão até ao final do ano», refere Araújo Pereira, confirmando ainda que «houve abordagens» de outros canais. «Até agora não há nada a dizer em relação a isso», conclui
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