A reunião científica
“Actividade cerebral: Aspectos laboratoriais, clínicos
e forenses”, que teve lugar no pólo IV da UBI,
foi o mote para o lançamento do primeiro volume
da colecção “Psicologia e educação”,
intitulado “Métodos e técnicas laboratoriais
em psicofisiologia”. O seu organizador foi Carlos Fernandes
da Silva, professor catedrático da Universidade
de Aveiro, mas a obra conta, ainda, com autores da UBI.
O prefácio ficou a cargo de Manuel Loureiro, docente da UBI e director do curso de Psicologia. Este, afirma que o lançamento deste livro “é um trabalho que resulta de colaboração”, e que “apraz registar o lançamento de uma linha editorial, num departamento onde as condições científicas já o justificam”. Acrescenta, ainda, que “este livro proporciona informação básica, de uma forma acessível, acerca de aspectos essenciais”.
Já Carlos Fernandes destacou que “a ideia deste livro nasceu em 1984, quando acabei a licenciatura em Psicologia, e fui para Oxford”. Aí, “associei a teoria à prática”, facto que o levou a perceber a importância dos métodos e técnicas laboratoriais, em psicologia.
Mas o seu gosto pela psicofisiologia começou a
ser mais vincado em 1982, ano em que começou a
dar aulas como monitor. Assim surgiu o interesse pela
neuropsicologia, que é uma neurociência básica,
associada à psicologia clínica. Para além
de docente, Carlos Fernandes é, igualmente, aluno
do quarto ano de Medicina, e trabalhou 17 anos nos Hospitais
da Universidade de Coimbra.
Na sua opinião, “a UBI e o departamento de psicologia estão de parabéns. Esta é uma iniciativa que agrada a qualquer um”. Reconhece, ainda, duas vantagens associadas ao livro. A primeira refere-a em tom de ironia, “se tiver asneiras, são poucas”. A segunda associa-se à escrita, a à facilidade de compreensão, “se estiver bem escrito, é um manual simples que interessa a qualquer aluno”. Para finalizar, refere que o livro é dotado de “maturidade científica”, pois “não discute autores e datas, mas sim teorias e factos”. Este deve ser, no seu entender, “o princípio das ciências modernas”.
Após a apresentação do livro, seguiram-se duas comunicações subordinadas ao tema “Actividade Cerebral”, que contaram com a presença de dois convidados ilustres. Maria Assunção Vaz Patto foi a primeira a fazer a sua apresentação. Vaz Patto é assistente hospitalar de neurologia, e exerce também as funções de neurologista no Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB). Acumula a estas, a função de docente auxiliar convidada, na Faculdade de Medicina, da UBI. A sua apresentação foi relativa ao “Papel da Neurofisiologia nos estados alterados de consciência”. A ideia principal desta sua comunicação baseia-se na problemática da consciência, associada ao estado de alerta. Este corresponde ao sentido de si, e do meio envolvente.
A última comunicação estava reservada
ao conceituado professor e investigador, Pinto da Costa.
Este exerce a função de professor catedrático
na Faculdade de Medicina no Porto, e trabalha no Instituto
de Medicina Legal (IML). O tema sobre o qual debateu foram
as ciências forenses, especificamente “Autópsia
Psicológica”. As ciências forenses são
uma área multidisciplinar em que as ciências
físicas e naturais têm uma importância
crescente, contribuindo para o esclarecimento da forma
como ocorreu determinado crime e ajudando a identificar
os seus intervenientes, através do estudo da prova
material recolhida no âmbito da investigação
criminal. A autópsia psicologia ajuda, neste sentido,
a tentar desvendar a causa da morte, em caso de dúvida.
Na opinião de Pinto da Costa, “a autópsia
psicológica como entidade autónoma, não
existe. Esta associa-se sempre ao corpo médico-legal”.
Por sua vez, “a autópsia médico-legal é
o resultado de uma intervenção multidisciplinar”,
pois é preciso ter em conta uma multiplicidade
de factores. Refere, ainda, que “é fundamental
apreender a ideia que a autopsia médico-legal se
diferencia da autópsia clínica”. Na primeira
“não existe o consentimento de familiares, e é
um imperativo legal para a justiça”, enquanto que
a segunda “exige o consentimento de familiares e entidades
legais”.
Relativamente ao livro que foi apresentado no âmbito desta comunicações, refira-se a ideia do lançamento de um segundo volume subordinado a teorias e modelos da psicofisiologia. Mais teórico, mas que irá complementar o primeiro volume. O terceiro volume irá incidir, à partida, na área da psicofisiologia aplicada. Esta informação foi assegurada pelo organizador do primeiro volume, Carlos Fernandes. |