Estudantes e docentes falaram sobre
as novas formas de avaliação
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Fórum
Pedagogia
Novas regras “incendeiam”
academia
O ano lectivo está
agora a arrancar e com ele começaram também
os protestos por parte dos estudantes da UBI. No Fórum
Pedagogia, promovido pela Associação Académica
da Universidade da Beira Interior (AAUBI) apresentaram-se
as novas regras de avaliação e foram discutidas
alternativas.
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Por Eduardo
Alves
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O anfiteatro I foi pequeno
para acolher os muitos alunos que queriam assistir ao Fórum
Pedagogia realizado pela AAUBI, na passada quinta-feira,
29 de Setembro. Os responsáveis pela academia decidiram
juntar as Ciências Exactas, as Artes e Letras, as
Ciências da Saúde e as Engenharias num mesmo
espaço e criar desta forma “um fórum
generalista”. Paulo Ferrinho, presidente da Comissão
de Gestão da academia expôs o propósito
do encontro, “discutir as mudanças que um projecto
de despacho em estudo na UBI vem introduzir nos métodos
de avaliação dos alunos”. Nesta reunião
estiveram também presentes Luís Carrilho,
vice-reitor da instituição e Paulo Serra,
presidente do Conselho Pedagógico.
A UBI apresenta agora alterações ao nível
da avaliação e do próprio método
de ensino. Isto porque o decreto-lei 42/2005 de Fevereiro
vem implementar mudanças profundas a estes níveis.
Segundo esta directiva introdutória do Processo de
Bolonha, todos os alunos do Ensino Superior devem ter uma
avaliação mais personalizada, uma vez que
as exigências de trabalho vão aumentar. Este
processo, que vem sendo preparado há vários
anos, prevê criar uma uniformização
nas licenciaturas europeias. Das linhas mestras do Processo
de Bolonha conhecidas até aqui, os alunos vão
ter cerca de 1600 horas de actividades lectivas todos os
anos. Para além das horas de aulas, “o estudante
vai depois ocupar outras quatro horas diárias em
trabalhos diversos”, refere Paulo Serra. O docente
da UBI e presidente do Conselho Pedagógico sublinha
o facto de esta mudança incluir também um
acréscimo de trabalho e envolvimento dos docentes.
Para que este e outros requisitos sejam cumpridos e colocados
em funcionamento, a UBI delineou um novo calendário
escolar e apresenta também modificações
ao nível do sistemas de avaliação e
frequência de aulas. Parâmetros que estão
a deixar os alunos “muito descontentes”, adverte
Paulo Ferrinho. O dirigente estudantil, que deu início
às actividades do Fórum Pedagogia, começou
por explicar a todos os presentes as novas formas de avaliação.
Segundo o projecto acima referido, todos os alunos devem
estar sujeitos a índices de presenças nas
aulas, com percentagens de participação que
variam entre os 50 a 85 por cento. Esta assiduidade vai
depois reflectir-se na nota final da cadeira que passa também
a ganhar novos valores de créditos. Todas as disciplinas
vão estar sujeitas aos créditos ECTS (European
Credits Transfres System). É precisamente esta fórmula
de creditação que vai estar na base da possibilidade
de movimentação de alunos por todas as instituições
universitárias da Europa. Paulo Serra lembrou que
todas estas mudanças “estão pensadas
para beneficiar os alunos e não prejudicá-los”.
Quanto à presença nas aulas, o presidente
do Pedagógico adianta ainda que “isso deveria
estar já interiorizado no próprio aluno”.
Luís Carrilho, vice-reitor da UBI foi também
um dos representantes da instituição a explicar
aos alunos as novas mudanças. Para o vice-reitor
“deve existir uma maior participação
dos estudantes nas aulas”. Uma medida que visa “melhorar
o aproveitamento dos alunos”, e que “vai obrigar
também a Universidade a melhorar todas as suas condições
ao nível dos docentes, das instalações
e outros aspectos”, frisa. Carrilho explicou ainda
a proposta para o novo calendário escolar, o qual
prevê que as épocas de exames, normal e de
recurso, sejam realizadas em sete dias cada. Os exames normais
passam a designar-se por P1 e os de recurso por P2. Trabalhadores-estudantes,
atletas de alta competição e finalistas terão
existir ainda uma terceira época especial, designada
por P3 e a realizar nos primeiros dias de Setembro. A realização
dos exames está também prevista para o final
dos semestres lectivos.
Um dos pontos que mais discussão suscitou entre a
comunidade académica prende-se com proposta de todos
os alunos “terem de obter um mínimo de seis
valores na dita nota de frequência”, composta
por testes, trabalhos e assiduidade realizados ao longo
do semestre, “para poderem ir a exame”, explica
Paulo Ferrinho. O dirigente estudantil critica esta posição
“porque todos os alunos que pagam propinas devem poder
usufruir de todos os momentos de avaliação”.
Logo, para Ferrinho, o projecto “é inconstitucional”.
O presidente do Conselho Fiscal da AAUBI disse mesmo “que
se esta medida for em frente, a AAUBI vai solicitar a suspensão
do despacho junto do Tribunal Administrativo e Fiscal”.
As impressões que foram manifestadas neste Fórum
Pedagogia vão agora ser estudadas pela reitoria,
pelo Pedagógico, pela AAUBI e apresentadas algumas
conclusões no próximo dia 6 de Outubro, numa
sessão plenária a realizar nas sessões
solenes. |
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