Depois do Itinerário Principal 4 (IP4), que liga o Porto a Bragança, o IP5, entre Vilar Formoso e Aveiro, é a estrada que mais vítimas mortais faz em Portugal. São estas as conclusões que se podem retirar dos relatórios distritais de sinistralidade rodoviária, relativos a 2004, divulgados pela Direcção Geral de Viação (DGV).
Segundo estes dados, à cabeça das estradas mais perigosas do País está o IP4, com 28 mortos e 27 feridos graves nesse ano. Segue-se logo o IP5, com 16 mortos e 24 feridos, num ano em que a estrada já estava em obras para reconversão o Itinerário em Auto-Estrada (A25).
Quanto às nacionais, no distrito da Guarda, aquelas que registaram mais mortes foram a Estrada Nacional 233 (Sabugal), a 332, que liga Vila Nova de Foz Côa a Vilar Formoso, a 221 que liga a Guarda a Miranda do Douro e a nacional 17, que passa por Celorico da Beira.
No distrito de Castelo Branco, a estrada que se assume como a mais perigosa é a nacional 233, que liga a capital de distrito à Guarda, responsável por três mortes sete feridos graves em 2004. Na A23, registo de quatro mortes e seis feridos graves nesse ano.
Uma das vias mais perigosas do mundo
Recorde-se que, há bem pouco tempo, jornal inglês The Sunday Times , punha o IP5 entre as vias mais perigosas do mundo. Portugal era citado como tendo a maior taxa de mortalidade por acidentes de viação da União Europeia (dados de 2000), já em que cada mil milhões de quilómetros feitos nas auto-estradas portuguesas morriam 14 pessoas, ao passo que na Grã-Bretanha se registavam apenas dois mortos, pelo mesmo número de quilómetros. O IP5, descrito como a principal ligação entre Portugal e o resto da Europa, é uma das estradas em que se encontram mais dificuldades na condução, e onde já morreram 400 pessoas desde a sua abertura ao tráfego há 10 anos, segundo o jornal. Piores que IP5, só mesmo uma estrada localizada na Bolívia, considerada a mais perigosa do mundo, e outra no Sul de Espanha, que liga Málaga a várias cidades turísticas como Torremolinos e Marbella.
A Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) contestava esta classificação. Segundo o secretário-geral da PRP, José Miguel Trigoso, o IP5 é muito mediático, mas nem sequer em Portugal foi a estrada com maior sinistralidade face ao volume de trânsito. Associá-lo às estradas mais perigosas do mundo “ é um disparate”, dizia o especialista. Para José Trigoso o IP5 é a única via que tem um terço de pesados e que tem zonas onde é difícil ultrapassar. “Às vezes formam-se filas atrás dos pesados e há pessoas que perdem a cabeça e ultrapassam onde não podem fazê-lo”, salientava.
Quanto à indicação de que teriam morrido 400 pessoas em acidentes ocorridos no IP5 na última década, o especialista considerava que é impossível, embora no momento não tivesse números exactos.
O IP5 está já reconvertido em Auto-Estrada (A25) no troço entre a Guarda e Vilar Formoso, estando ainda em obras no troço que liga a capital da Beira Alta a Aveiro. Espera-se que em 2006 a via esteja pronta e que com isso se consiga reduzir o número de mortes nesta via. Daí que alguns troços venham mesmo a ser eliminados, como por exemplo, a perigosa descida do Porto da Carne. |