Projectar, criar e
testar aviões de carga é o desafio lançado
a todas as Universidades portuguesas que têm cursos
relacionados com a aeronáutica e que pretendem
estimular a criatividade dos alunos. O Air Cargo Challenge
conta já com alguns modelos que marcaram recordes
neste tipo de actividades.
No primeiro fim-de-semana de Setembro, a UBI participou
com duas equipas compostas por alunos dos primeiros e
segundos anos de Engenharia Aeronáutica numa prova
onde o importante é ter uma aeronave capaz de voar
com grande carga.
Miguel Silvestre, docente no Departamento de Ciências
Aeroespaciais da UBI explica que este evento serve sobretudo
para “estimular o interesse dos alunos em várias
áreas desta ciência”. As equipas participantes
no Air Cargo Challenge têm de desenhar, construir
e testar toda uma aeronave. Um aparelho que terá
de ser pequeno “por causa dos custos”, mas
que está elaborado sob “toda a ciência
aplicada aos aparelhos aeronáuticos convencionais”.
O principal objectivo desta competição passa
por testar aparelhos que carreguem o maior peso possível
de lastro. Placas de chumbo vão sendo colocadas
na aeronave que tem apenas “sessenta metros de pista
para descolar”. Após esta tarefa, “o
aparelho tem de percorrer uma volta em torno da pista
e aterrar nos mesmos sessenta metros”. Todas estas
especificações, “tornam o concurso
muito difícil”, adianta o docente. O mesmo
recorda que uma equipa da UBI já conquistou o primeiro
lugar deste evento quando o mesmo se realizou no aeródromo
da Covilhã, em Março de 2004. Nessa edição,
a aeronave conseguiu voar com um peso de três quilos
e meio. Um feito que fez “voar” os alunos
da UBI para o lugar mais alto do podium.
Este ano, a equipa Pegasus, uma das duas que representaram
a UBI conseguiu um terceiro lugar, “numa prova muito
disputada”, confessa Miguel Silvestre. O avião
que foi construído pela Pegasus levantou voo com
um lastro de sete quilos, “o que somado ao peso
do aparelho, cerca de quatro quilos e meio, dá
um total de 12 quilos e meio”, explica o docente.
Numa segunda tentativa, os alunos da Universidade ainda
carregaram o avião com mais peso e este “chegou
mesmo a descolar”. Mas acabou por dar sinais de
fraqueza ao nível do motor, o que levou a equipa
a ficar-se pela marca dos sete quilos.
Ainda assim, “o resultado é muito bom”,
evidencia Silvestre. Este docente explica que os eventos
desta natureza, destinados aos alunos dos primeiros anos
das engenharias “são grandes complementos
práticos aos currículos mais teóricos”.
Outra das grandes vantagens ao nível lectivo e
pedagógico passa também “pela motivação
que estas iniciativas proporcionam”. No concurso
estiveram presentes 24 estudantes da UBI.
Muitos dos projectos de aeronáutica da
UBI precisam de ser testados no aeródromo
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Oficina e hangar são prioritários
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Mais de 130 estudantes participaram neste concurso que
é realizado em Portugal. Para além da UBI
estiveram também presentes a Universidade do Porto,
a Universidade Técnica de Lisboa, a Universidade
do Minho, entre outras. O docente que acompanhou os alunos
da UBI refere que “é essencial a participação
neste tipo de eventos”. Para além dos bons
resultados obtidos pela Universidade, os estudantes têm
outros estímulos”. Isto porque, segundo Miguel
Silvestre, “o mesmo concurso é realizado
nos Estados Unidos da América, onde se projectam
algumas das melhores aeronaves, e os estudantes americanos
conseguem resultados semelhantes aos estudantes portugueses”.
Todavia o docente adianta que para se conseguirem bons
resultados “não bastam apenas bons projectos”.
Silvestre chega mesmo a gracejar em torno desta questão,
uma vez que “no papel tudo parece funcionar”.
Depois, na altura da concepção e dos testes
“é que as dificuldades se têm de vencer”.
Para tal, o docente refere que “é essencial
a criação de uma oficina especializada na
UBI”. Num dos pisos do silo de estacionamento do
pólo 8, “estamos a tentar montar uma oficina
especializada que dê apoio a todos estes projectos”.
Neste momento a UBI tem em mãos aeronaves como
as que participam no Air Cargo, ou a Sky Gu@rdian, que
pretende ser um aparelho não pilotado de observação
e também um veículo que participa na Shell
Eco Marathon.
“Os bons laboratórios de que dispomos servem
para parte do trabalho”, explica o docente. A construção,
montagem e teste de peças “tem de ser feito
num outro espaço, que é uma oficina”.
Para além desta estrutura Miguel Silvestre considera
da maior urgência a construção de
um hangar. “Recordo que um dos principais trunfos
deste curso e uma das razões por esta licenciatura
ter vindo para a Covilhã está no facto da
cidade ter um aeródromo com pouco tráfego
e bem perto da UBI”. Contudo, o docente mostra-se
surpreendido com algumas atitudes tomadas pela autarquia
local. “Agora surgiu a ideia de construir um aeroporto,
não sou contra isso, mas o que aconteceria se a
UBI estivesse a construir um hangar no actual aeródromo?”,
questiona o docente. Silvestre sublinha que é essencial
resolver esta questão “de uma vez por todas”.
Como tal, para o docente, “a nova estrutura deve
comportar já um espaço destinado à
UBI”. Para o responsável pela participação
da UBI no Air Cargo, “a Câmara da Covilhã
deveria de ter apostado há muito no aeródromo”.
Uma afirmação que baseia no exemplo de Évora.
A cidade alentejana conheceu um melhoramento do aeródromo
local “através de obras levadas a cabo pela
câmara” e actualmente conseguiu que uma empresa
do ramo da aviação se instale ali. Esta
nova estrutura “vai trazer para a região
alentejana 900 postos de trabalho, emprego que poderia
ter vindo para a Covilhã”, remata o docente.
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