Neste novo processo de trabalhos espera-se encontrar novos vestigíos arqueológicos
Guarda
Escavações regressam à Póvoa do Mileu

A
estação arqueológica do Mileu vai voltar a ser escavada. A última intervenção tinha sido em 2002, quando foram postas a descoberto estruturas de edifícios romanos. Depois deste trabalho, a autarquia quer requalificar o local.


NC / Urbi et Orbi


A Câmara da Guarda inicia esta semana, escavações na estação arqueológica da Póvoa do Mileu, no perímetro urbano da cidade, datadas do período romano (séculos I e II).
As últimas prospecções foram feitas entre 2000 e 2002 pelos serviços de arqueologia do município sob orientação do arqueólogo Vítor Pereira, tendo sido postas a descoberto estruturas de edifícios correspondentes ao período romano. No entanto, as escavações mais amplas só deverão começar na segunda fase, para averiguar a função das construções descobertas.
Virgílio Bento, vereador da autarquia guardense, classifica a estação arqueológica da Póvoa do Mileu como "o património arqueológico mais importante do concelho da Guarda". O autarca refere ainda que as escavações vão continuar de modo "a permitir depois uma requalificação urbanística do espaço". Os arqueólogos irão "saber com segurança o que significava este sítio para a Cidade da Guarda e dar ao mesmo uma requalificação que lhe conceda a dignidade que merece pela sua importância histórica e arqueológica", refere.
Os primeiros vestígios arqueológicos foram detectados em 1951 na sequência da abertura da Estrada Nacional 16. As primeiras escavações parciais foram dirigidas por Luciano Cardoso (Comissão de Arte e Arqueologia), Bairrão Oleiro (Junta Nacional de Educação) e o historiador Adriano Vasco Rodrigues. Mais tarde foram estudadas por Adriano Vasco Rodrigues, autor da Monografia Artística da Guarda.
Os trabalhos de investigação foram só depois iniciados pelo Instituto Português do património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAR) em 1991, sob orientação de Artur Corte-Real, com limpeza do local, levantamento topográfico e escavações.
As prospecções realizadas permitiram por a descoberto um Torso Imperial romano, em mármore, do período de Tibério (século II D.C.) actualmente depositado no Museu da Guarda que, segundo Adriano Vasco Rodrigues, "atesta a importância do local como povoado porque não é em todos os sítios arqueológicos que tal achado aparece".
O espólio encontrado inclui uma fíbula hispânica (fivela), machados de pedra polida, cerâmica de construção, ornamentos, mós de moínho, pesos de tear, fragmentos de lucernas, vidros, pregos, escápulas, uma lápide funerária, e restos osteológicos humanos, entre outros achados.
As estruturas em tijolo postas a descoberto nas primeiras escavações foram entretanto destruídas ao longo do tempo, restando as graníticas.
A estação arqueológica da Póvoa do Mileu situa-se no mesmo local em que se encontra a Capela Românica de Nossa Senhora do Mileu, de origem romana.
A pouca distância existiu um outro local histórico, os Castelos Velhos, que foi destruído para construção urbana e onde foram descobertos vários vestígios e espólio, nomeadamente moedas em outro, fivelas, cerâmica, entre outro.