António Fidalgo

Covilhã Comercial


Cidade industrial de séculos, jovem cidade universitária, cidade turística em afirmação, a Covilhã torna-se agora cidade comercial com o Serra Shopping . O investimento da Sonae é de grande monta, mais de 25 milhões de euros, e será um tremendo chamariz às populações de todo o Interior, de Castelo Branco à Guarda.

Ao que consta, muitos guardenses e albicastrenses já se deslocam nos fins-de-semana à Covilhã por causa dos centros comerciais. Nas duas capitais de distrito os centros comerciais existentes, se é que verdadeiramente existem já que alguns deles têm lojas fechadas, são pequenos e bastante inferiores às condições que a Covilhã já oferece nos actuais shoppings, Monteverde, Sporting, Estação. O ajuntamento de lojas e estacionamento fácil é a razão para essas migrações de fim-de-semana.

O investimento da Sonae no Serra Shopping é, em termos meramente financeiros, bastante mais que o investimento na Faculdade de Medicina. A atracção de perto de 90 lojas, onde se incluem lojas de referência, as famosas lojas-âncora, os cinemas, os restaurantes, os pisos de estacionamento com perto de 900 lugares, será enorme para as populações das redondezas. As pessoas das aldeias deslocam-se hoje no fim-de-semana à cidade para ir passear, comprar, ver e ser visto, nos sítios onde há gente. Dar-se-á um efeito de bola de neve: mais gente induzirá a mais comércio e mais comércio (oferta) induzirá a mais gente (procura).

Quem pode duvidar que num fim-de-semana de chuva as pessoas tenderão a ir para o novo Shopping? Ali todo o estacionamento é subterrâneo. As pessoas chegarão, sairão dos carros, irão passar umas horas a fazer compras, ou somente a passear, e voltarão a entrar nos carros para regressar a casa, sem apanhar uma gota de água. E o que é dito para a chuva, vale para o tempo agreste para o frio e também para os dias de canícula no verão, com o ar condicionado.

A centralidade que a UBI, substancialmente reforçada com a criação da Faculdade de Medicina, deu à Covilhã no eixo criado pela auto-estrada A23 dá os seus frutos na captação de investimento. Não tivesse sido criada a Faculdade de Medicina na UBI e certamente que Belmiro de Azevedo não teria feito aposta tão arrojada no interior do país. Investimento atrai investimento, gente atrai gente. A parábola dos talentos aplica-se aqui: a quem tem cinco, cinco lhe serão dados; a quem tem apenas um, até esse lhe será tirado.

Mais do que tiradas voluntaristas ou bairrismos exacerbados são realidades como o Serra Shopping que criam laços de comércio e de união de facto na Beira Interior. O que se afirmou aqui muitas vezes parece cada vez mais confirmar-se: está a constituir-se um núcleo urbano de Castelo Branco à Guarda, ligado pela rodovia e pela ferrovia. O centro desse eixo é a Cova da Beira, do Fundão a Belmonte, com a Covilhã no meio. O novo shopping é mais uma prova. Certamente outras virão a seguir.