O número de explorações agrícolas diminuiu17 por cento em Portugal, entre 1999 e 2003, de acordo com os dados do Eurostat. No Inverno de 2003, havia no País um universo de 261 mil e 600 explorações agrícolas. O distrito de Castelo Branco segue a tendência nacional e regista também decréscimos nas suas explorações. Segundo Aníbal Correia Cabral, tesoureiro da Associação Distrital de Agricultores de Castelo Branco, a maior parte da população rural está envelhecida, e as políticas desenvolvidas não transformam a agricultora num sector atractivo e viável para os jovens, resultando num abandono cada vez mais acentuado da actividade agrícola.
No entanto, à queda de explorações correspondeu um aumento da dimensão de cada negócio em Portugal. Mais uma vez, a Beira Interior não contraria o País e Aníbal Cabral encontra mesmo uma justificação para o aumento da dimensão média das explorações. “A titularidade das explorações agrícolas tem vindo a modificar-se. Dantes as propriedades eram do povo português. Hoje grande parte dos titulares são estrangeiros, nomeadamente espanhóis”, salienta. E acrescenta que “os apoios à agricultura levaram a uma alteração desta actividade económica em relação à que se praticava na década de 90 do século passado. Na actualidade assiste-se a uma concentração da propriedade”, defende.
Entre o rol de causas que têm conduzido ao abandono da agricultura, Aníbal Cabral destaca as ajudas e os apoios vindos da Europa, que são desadequados às características e especificidades da agricultura do nosso País. “Transportar as políticas agrícolas europeias para Portugal não é solução, pois temos um tipo de clima e um solo diferentes do resto da Europa. Logo, o que funciona lá fora não consegue funcionar aqui”, sublinha. Também a introdução de quotas, a falta de investigação neste campo e a falta de apostas no sector são apontados pelo tesoureiro como problemas que contribuem para o enfraquecimento da agricultura nacional. E segundo o mesmo, a tendência não parece ser de melhorar, estando Portugal a caminhar no sentido contrário ao da União Europeia.
Já a seca que se tem feito sentir no País há largos meses não é motivo, segundo Aníbal Cabral, para o encerramento das explorações. “A seca é um problema adicional que levanta muitas dificuldades aos agricultores, que precisam cada vez mais de ajudas. Mas não será razão para as explorações fecharem”, defende. |