Por Catarina Rodrigues e Eduardo Alves




Urbi @ Orbi – Que balanço faz destes quatro anos de mandato?
Carlos Pinto –
Faço um balanço positivo. A nossa acção, durante quatro anos, foi no sentido de cumprirmos o programa que apresentámos aos covilhanenses. Feito o balanço desse programa fomos capazes de ir muito longe. Os programas nunca são executados a cem por cento, mas neste caso se olharmos para todos os quadrantes de actividade a que a Câmara está ligada – acção social, cultural, investimento, infra-estruturas rodoviárias, educativas, desportivas, ambiente, habitação, relações com municípios do mesmo território – tudo isso representa um saldo muito positivo. Mas só os eleitores dirão o que pensam no próximo dia 9 de Outubro.

U@O – No caso de ser eleito para mais um mandato quais serão as suas prioridades?
C.P. –
Vamos apresentar um programa com as linhas mestras da candidatura, na próxima sexta-feira, 16, no Teixoso. Muitas ideias já vêm de trás porque há grandes projectos que não se executam em quatro anos e outros que decorrem do trabalho feito agora. Como exemplo do primeiro caso posso dar o aeroporto, como exemplo do segundo posso apontar a recuperação do centro histórico. Mas há muitos outros projectos que iremos apresentar.

U@O – A Covilhã é uma cidade universitária. Como vê a ligação entre a autarquia e a UBI?
C.P. –
É fundamental para o desenvolvimento da cidade. Temos tido um bom relacionamento que tem dado frutos. Hoje a Câmara tem uma íntima colaboração com a Universidade e desta íntima colaboração têm resultado aspectos muito positivos para o concelho.

U@O – Irá ser inaugurado, este mês, o Parkurbis (um projecto em que a UBI se associou à Câmara), o que é que podemos esperar desta infra-estrutura?
C.P. –
O Parkurbis é um projecto com grande ambição, mas necessita de tempo para se afirmar. O primeiro grande passo está dado: a constituição de uma sociedade, a agregação de diversas entidades e a formação do corpo técnico. Agora, eu diria que a Universidade tem uma responsabilidade mais importante que todas as outras instituições porque depende justamente das ideias que saírem da Universidade a transformação do Parkurbis em mais valias empresariais para o desenvolvimento. O que tem estado a ser feito corresponde ao calendário que nós tínhamos estabelecido. O Parkurbis é agora uma realidade e trata-se de uma grande obra destes quatro anos, em que a Câmara foi o principal motor, quer quanto à ideia, quer quanto à realização e ao financiamento e é algo que oferecemos ao concelho e à região para que o desenvolvimento seja assente em novas bases de acordo com o tempo em que estamos a viver e de acordo com o futuro.




"O estado actual da agricultura na região devia levar a que a UBI pudesse ter a oportunidade de trabalhar neste domínio"

U@O – Para além desta ligação entre a UBI e a Câmara, com o Parkurbis, poderão surgir projectos conjuntos noutras áreas?
C.P. –
Acho que é sempre possível descobrir parcerias porque cada uma tem a sua importância e a sua projecção. O Parkurbis é daquelas que dificilmente será igualada. Mas há outras e posso adiantar que dentro de poucos dias vamos arrancar com um protocolo e a respectiva tradução operacional que consiste na criação de uma estrutura de apoio psicológico à comunidade covilhanense, com base em técnicos e profissionais da UBI. A Câmara dá a logística e abraça este projecto com grande entusiasmo. Solicitámos também a colaboração do Hospital Pêro da Covilhã. Mas há um outro aspecto que gostava de salientar. Julgo que o estado actual da agricultura na região devia levar a que a nossa Universidade pudesse ter a oportunidade de trabalhar neste domínio. Não sei o que pensa o Sr. Reitor sobre o assunto mas seria muito importante que a nossa Universidade pudesse constitui-se, e isto depende também do Governo, como um elemento fundamental do desenvolvimento agrícola na região. É pena que a UBI não tenha qualquer relacionamento com a agricultura que, como todos sabemos, está necessitada de inovação. A Universidade pode fazer muito nesse aspecto e a Câmara está disponível para essa abordagem.

U@O – A Faculdade de Medicina está prestes a estar concluída. Que impacto vai isso trazer para a Covilhã, por exemplo, em termos de crescimento urbanístico, uma vez que se situa na zona de expansão da cidade?
C.P. –
Aquela zona está reservada para a Universidade, que irá resolver como poderá desenvolver esse pólo. Temos falado na hipótese de construir ali residências para estudantes e eventualmente fazer mais parques de estacionamento, mas a Universidade é que tem a primeira palavra sobre essa matéria.

U@O – Falou-se em tempos na construção de um hangar no actual aeródromo destinado ao curso de Engenharia Aeronáutica da UBI. Como está todo esse processo por parte da Câmara?
C.P. –
O reitor comunicou que foi retirada uma verba e isso agora depende da Universidade.

U@O – Disse há pouco que o Aeroporto será um dos projectos a dar continuidade se for reeleito. Em que ponto está esse processo?
C.P. –
Ainda esta semana tive uma reunião com a comissão que está a trabalhar no processo do Aeroporto e tomámos decisões muito importantes. Na próxima reunião de Câmara será apresentado um documento orientador sobre a questão da aquisição dos terrenos e o início dos projectos concretos. A localização já está definida e vamos ter um grande aeroporto com possibilidade de operar aviões com capacidade até 100 lugares. O acesso da A23 será desnivelado para passar por baixo da pista. Há pessoas que dizem: «vocês têm hoje um aeródromo que não está a ser utilizado». Isso acontece porque a utilização só pode resultar do tráfego de passageiros e os aviões de passageiros não podem aterrar no aeródromo da Covilhã, que só tem capacidade para receber aeronaves até 18 lugares. Estou convencido da importância deste aeroporto regional para o futuro da Covilhã. A própria Europa elaborou um documento sobre a exigência de infra-estruturas aeroportuárias de âmbito regional que permitam operar voos de baixo custo. As próprias instituições europeias estão cientes de que é necessária uma evolução para aeroportos regionais. É por isso que a OTA é um erro. As grandes infra-estruturas são hoje muito custosas e como estamos num tempo de grande concorrência pretendem-se estruturas mais ágeis, com menos custos e que diversifiquem a recolha de passageiros. Porque é que as pessoas de Bragança até Beja que pretendam viajar para a Europa continuam a ter que ir a Lisboa, Porto e Faro? Podiam ter aqui voos charter regulares como acontece por exemplo, na Itália e na Suiça.

"O Centro de Artes está dependente do Ministério da Cultura"


U@O – Ainda no âmbito do apoio à população em geral e à comunidade estudantil em particular, temos o Complexo Desportivo da Covilhã. Poderá esta estrutura ter um melhor aproveitamento?
C.P. –
Desejo que tenha ainda um maior aproveitamento, mas já é utilizado por milhares de pessoas. Estamos sempre abertos a novas formas de o aproveitar. O Complexo Desportivo da Covilhã, como o próprio nome indica, destina-se a toda a população da cidade, quer aquela que aqui reside em permanência, quer os estudantes. O Complexo Desportivo está à disposição de todos. A pista de atletismo e o campo de futebol, só por si, são uma grande estrutura, os espaços envolventes também estão disponíveis para a prática de desporto.

U@O – Mas o Clube de Rugby da UBI (CRUBI) tem feito algumas diligências para utlilizar o campo de jogos do Complexo Desportivo e ainda não conseguiu a necessária autorização camarária.
C.P. –
Estou a ouvir esse caso pela primeira vez. Mas certamente será do conhecimento do vereador com esse pelouro.

U@O – E qual o ponto da situação do Centro de Artes?
C.P. –
O Centro de Artes está dependente do Ministério da Cultura no que respeita ao financiamento. Da parte da Câmara estamos capazes de lançar a obra, desde que o Ministério da Cultura diga se a quer financiar. O Teatro-Cine vai respondendo às necessidades, mas de facto precisamos de um novo espaço artístico e por isso lançámos o concurso, mas as coisas só se fazem quando têm base financeira para isso.

U@O – Há intenção da Câmara em reabilitar o centro histórico através da empresa que foi criada para o efeito. O Sr. Presidente falou mesmo num possível aluguer a baixo custo das casas recuperadas a estudantes. Essa intenção ainda está em pé?
C.P. –
A recuperação do centro histórico é um projecto de grande impacto para os próximos quatro anos, quer por acção das casas recuperadas pela Câmara, quer pela disponibilidade de casas recuperadas pelos proprietários. Um dos destinatários é precisamente a massa estudantil com T0, T1 e T2, ou seja com tipologias adequadas para essa finalidade. O centro histórico pode assim beneficiar, por um lado da recuperação estética e por outro lado pode apresentar uma oferta com o objectivo de servir o mercado destes jovens que de outra forma têm dificuldades em adquirir casa, pelos custos de uma habitação nova e pelos encargos que tem que assumir nesse aspecto.




"Nós sempre tivemos uma política para a juventude"


U@O – Está a ser implementado o Cartão Municipal da Juventude, quais os benefícios que os mais novos podem de facto retirar desta iniciativa?
C.P. –
Esta iniciativa dará descontos em diversas instituições e lojas. Para além disso, o tempo certamente dará oportunidade para que, de forma criativa, se alargue o conjunto de benefícios. Uma das vantagens pode ser, por exemplo, no caso da habitação municipal, os titulares do cartão terem um desconto como hoje têm os titulares do cartão do idoso.

U@O – Mas essa foi uma ideia sugerida em Outubro de 2002 pelo vereador da oposição Miguel Nascimento, e nessa altura foi recusada pela maioria.
C.P. –
Sugerir é fácil. Quem está na oposição pode puxar pelo catálogo das carências e falar em tudo e quando as coisas se resolvem até pode dizer que falou nisso. Nós sempre tivemos uma política para a juventude. O Complexo Desportivo não é para os maiores de 70 anos. Quando falamos de habitação social para arrendamento, estamos a falar de habitação para casais que não têm capacidade para comprar casa. Dos 600 fogos que construímos, mais de 50 por cento são habitados por jovens. Isto são políticas para a juventude. É um erro as pessoas pensarem que baste entregar um cartão a cada jovem, mas não. Isso é apenas um complemento a infra-estruturas desportivas, habitação, espaços verdes. É preciso que se perceba que as políticas de juventude compreendem um domínio muito vasto que a Câmara tem estado a realizar.

U@O – O cartão da juventude pode ser alargado aos estudantes universitários?
C.P. –
Sim. Desde que residam na Covilhã, ainda que transitoriamente, têm todo o direito.

U@O – Numa altura em que a taxa de desemprego cresce a nível nacional, qual é a capacidade da cidade da Covilhã para fixar licenciados?
C.P. –
Temos o exemplo o Parkurbis. Enquanto o Governo anda a empregar engenheiros com subsídios que duram um ano, nós damos aquilo que pode fazer uma fixação efectiva dos jovens através de empresas que possam vingar no futuro. Essa é a melhor política que podíamos lançar. Não gostaria de ver a nossa juventude baseada em políticas de subsídio.

U@O – Ainda assim continuam a existir empresas algo reticentes em empregar licenciados, até por causa de uma maior custo com a mão-de-obra. Como vê esta situação?
C.P. –
Por um lado, vejo-a como um drama, mas por outro com uma a perspectiva optimista do nosso país. O drama porquê? Porque ainda há muitos sectores que não perceberam a necessidade de massa cinzenta vinda das universidades, pessoas qualificadas para fazer evoluir o aparelho produtivo. Por outro lado, mais optimista, acredito que a existência de licenciados dará bons resultados. Se tivermos políticas adequadas do ponto de vista do emprego teremos sucesso no futuro. Por um lado, lamento que não se empreguem mais técnicos, mas apesar disso tenho confiança que a existência de pessoas qualificadas pode proporcionar um país mais desenvolvido.

"Na Covilhã temos o projecto de um Casino retido pelo Governo"

U@O – Relativamente à ligação a outras regiões como está o processo do IC6?
C.P. –
Boa pergunta. Esteve cá o secretário de Estado, esta semana, que veio em campanha eleitoral a Seia e eu convidei-o a vir também em campanha eleitoral à Covilhã e aproveitava anunciava a abertura do concurso público para o IC6, troço Covilhã – Unhais. Infelizmente o senhor secretário de Estado não fez isso.

U@O – Tem dito várias vezes que a Serra da Estrela é um gigante adormecido. Como pretende acordar para o turismo, toda esta região?
C.P. –
Já está a começar a acordar, mas continua um pouco sonâmbulo. Quando pretendemos mexer com obras paradas e apresentámos um requerimento para a criação de uma zona de jogo, que por sua vez é aprovada por um governo legítimo e este Governo coloca o processo na gaveta, como é que podemos andar para a frente? Sem se encontrarem razões para não se avançar com o projecto. No caso do Casino de Lisboa, que vai ser aberto na Expo, o requerimento foi apresentado poucas semanas antes do nosso. Em Março as pessoas que gostam de jogar podem ir a esse casino adquirindo-se assim mais uma fonte de receita para Lisboa. Na Covilhã temos o projecto de um Casino retido pelo Governo. Isto é um centralismo refinado. Estamos perante formas refinadas de centralização. Fala-se muito em descentralização e em dar às regiões as mesmas hipóteses dos grandes centros, mas quando passamos ao concreto em questões tão simples como esta vemos o contrário. A Serra da Estrela sofre deste mal, depois de ter estado tantos anos adormecida, e quando tentamos acordar este gigante, há quem lhe continue a dar soporíferos, como o Governo.

U@O – Um Governo presidido por um covilhanense. Como se explica essa “centralização refinada”?
C.P. –
Na vida como na política as palavras são muito bonitas, no entanto são mais importantes as acções.





"A campanha eleitoral está a condicionar a saída dos membros do Governo de Lisboa"

U@O – O primeiro-ministro continua sem confirmar a sua presença na inauguração do Parkurbis.
C.P. –
Parece-me que o facto de estarmos em campanha eleitoral está a condicionar a saída dos membros do Governo de Lisboa. Os responsáveis do Governo são responsáveis do Governos do País e deviam atender à valia das iniciativas quê estão em causa. Quando convidamos alguém para a inauguração do Parkurbis não é para inaugurar um fontanário. Trata-se de uma estrutura que dentro de 15 ou 20 anos poderá ser lembrada quanto à data da sua fundação. Talvez o Parkurbis tenha, noutros moldes, a mesma importância que em tempos teve a criação da Real Fábrica de Panos. É muito lamentável que daqui a uns anos quando se fizer a história, se diga que o Governo faltou porque havia eleições na altura. Mas o Sr. Primeiro-Ministro terá sempre as portas abertas, mesmo não vindo ou não podendo vir à inauguração do Parkurbis. Já dei tantas hipótese, Julho, Agosto, Setembro…

U@O – Numa altura em que começa a faltar água um pouco por todo o País, qual é o ponto da situação no concelho da Covilhã?
C.P. –
Não tem faltado água no concelho, algo que já aconteceu noutros municípios, alguns deles até ligados a grandes sistemas. Mas é claro que ninguém pode estar descansado se não chover. Nós temos água mas não é ilimitada. Esperamos que depois deste mês de Setembro comece a chover. Para já não há problema.

U@O – Com a nova barragem não haveria estes problemas.
C.P. –
Espero que pelo menos desta seca possa resultar a consciência de que, em tempos de seca só se tem água se ela estiver armazenada. Só temos uma hipótese de ter água, que é armazená-la quando há muita, para depois a ter quando há pouca. No nosso País isso não tem sido feito e é lamentável que para se aprovar uma barragem sejam necessários 7 e 8 anos. Imaginem o drama que tem sido ultrapassar todos os obstáculos. Já refizemos este dossier três ou quatro vezes. Umas vezes é porque é preciso ter o domínio hídrico para fazer o estudo de impacto ambiental e outras porque é preciso primeiro fazer o estudo de impacto ambiental para depois atribuírem o domínio hídrico. Sempre que há uma alteração isso implica seis ou sete meses perdidos. São poucas as barragens que se inauguram no nosso País. Passam-se anos e anos sem se inaugurar uma barragem. O Governo devia reflectir sobre isso e lançar um grande programa de construção de barragens, agora que há crise na construção civil. Sem dúvida que são necessárias preocupações ambientais, mas com sentido prático do que precisamos, como o abastecimento de água, a produção de energia eléctrica e criação de complexos turísticos. No que respeita à Covilhã a barragem certamente que estará pronta no próximo mandato.

"Não há preocupações ao nível financeiro"

U@O – Actualmente, qual é a situação financeira da Câmara da Covilhã?
C.P. –
A situação financeira da Câmara era óptima se tivéssemos mais recursos, mas o Governo não considera as Câmaras como devia. Falo deste Governo e dos anteriores. Assim sendo temos uma situação razoável que apresenta condições para que o próximo mandato seja tranquilo para continuar a aproveitar as oportunidades, mas com grande rigor e uma boa selecção daquilo que é mais importante e exclusão do que não é importante. Hoje temos uma situação tranquila, planeada, com dívida a médio e longo prazo, com uma boa relação com os fornecedores e com os empreiteiros. Às obras da Câmara toda a gente concorre, sem contenciosos e ao mesmo tempo sendo capazes de gerar receitas para aproveitar as comparticipações, designadamente comunitárias para que todos os projectos se possam levar a cabo. O próximo mandato será tranquilo neste âmbito de tal maneira que eu até me estou a recandidatar e essa é a melhor demonstração que não há preocupações ao nível financeiro, embora isso constitua motivo de crítica. Mas quando não se pode criticar mais nada critica-se a situação financeira. Quando eu fiz campanha nunca abordei problemas relacionados com a tesouraria, porque isso é uma fraqueza de quem não tem mais nada para dizer, sobretudo se essas pessoas não são capazes de dizer o que é que não faziam. Por cada 500 euros que se gastam na Câmara só temos comparticipação de 150 ou 200 euros, o resto temos que o arranjar, ou por receitas próprias ou de financiamento ou de património.

U@O – Sem querer fazer futurologia, quando se retirar da vida política quais serão as principais recordações que irá guardar?
C.P. –
Tenho uma vida feliz em todos os sentidos, com altos e baixos. As recordações são todas boas, porque as más esqueço-as rapidamente, apenas ficam registadas. Tenho belíssimas recordações, sobretudo das coisas que constituem hoje um conjunto de razões para se dizer que a Covilhã deu a volta e que está a andar num sentido positivo. Construir este quadro não foi fácil porque foi necessário passar de uma cidade que estava em depressão profunda para uma cidade com esperança. Ainda há muito para fazer e a Câmara não é tudo, as instituições da cidade, como a UBI têm um papel fundamental.

U@O – Como gostaria de ver a Covilhã daqui a 100 anos?
C.P. –
A evolução das cidades está muito condicionada pelo Governo central. Mas eu gostaria que a Covilhã fosse uma cidade confortável, bem organizada, limpa, atractiva e convidativa para jovens e idosos, isso significa urbanismo qualificado, bons transportes, zonas verdes, habitação recuperada, etc. Gostava também que tivesse uma boa base produtiva, moderna e adequada ao momento, em que as pessoas encontrassem emprego, com capacidade competitiva, bem servida de acessibilidades, diversificada, com terrenos aproveitados na agricultura, com indústria, inovação, tal como muitas cidades por essa Europa fora.



Perguntas dos munícipes

O Urbi et Orbi pediu a alguns cidadãos do concelho para colocarem uma questão ao presidente da Câmara da Covilhã, novamente candidato pelo PSD às próximas eleições autárquicas. Educação, Ambiente, Programa Polis e Urbanismo foram os temas focados.



Jéssica Alves, estudante

Como vê a implementação da disciplina de Inglês no 1º ciclo do Ensino Básico?
C.P. –
Com grande satisfação, até porque isto constituía uma ideia da Câmara já no ano lectivo passado e só não levámos a cabo porque isso implicava custos para os quais não estávamos preparados. A ideia é agora adoptada pela Câmara e não só vamos ter inglês, como vamos ter também francês neste ano lectivo. Esta semana vão ser publicados avisos para recrutamento de professores de inglês e francês, inglês em todas as escolas do concelho e francês na Covilhã, Canhoso, Teixoso, Vila do Carvalho, Cantar Galo, Boidobra e Tortosendo.




Nélia Sousa, bolseira de investigação científica



Joaquim Manuel, funcionário na UBI

Porque é que alguns dos projectos inicialmente previstos para o Polis Covilhã não se concretizaram? Poderão ainda vir a concretizar-se no futuro?
C.P. –
Não se concretizaram porque o Governo não atribuiu aos Polis toda a verba necessária. No caso da Covilhã eram precisos 12 milhões de contos e acabámos por ter apenas cinco milhões e meio e foi o próprio Governo que cortou no financiamento. Esses projectos vão transitar para a Câmara e são um objectivo para o próximo mandato.




Alberto Matos, reformado





Perfil


Carlos Alberto Pinto nasceu a 16 de Julho de 1947, na Covilhã. Fez o curso técnico industrial na Escola Campos Melo, esteve em Inglaterra e depois frequentou “a escola da vida", tal como diz o próprio. Procuro ser um auto-didacta”, refere. A sensibilização para a política surgiu quando John F. Kennedy foi presidente dos Estados Unidos. “A acção dele era atractiva para todos aqueles que gostavam de analisar os problemas da sociedade”, acrescenta Pinto. “Mais tarde, o período do 25 de Abril envolveu-me completamente”, sublinha. Carlos Pinto é militante do Partido Social Democrata desde 1974. Entra em funções políticas activas, em 1985, como deputado na Assembleia da República e em 1988 assume o cargo de deputado na Assembleia Parlamentar no Conselho da Europa. Em 1990 é eleito pela primeira vez, presidente da Câmara Municipal da Covilhã. Para além da política participou activamente numa empresa de família, no sector industrial, da qual foi associado e responsável durante vários anos e onde ainda hoje tem uma presença societária.
Nos tempos livres, Carlos Pinto, gosta “do convívio e da cavaqueira livre e aberta, da boa conversa”. O presidente da autarquia confessa que gostaria de praticar mais desporto.”Gosto da marcha, do sky e da natação, mas nem sempre tenho tempo para isso”, afirma. “Adoro cinema, gosto muito de ler e de estar informado. Consumo informação selectiva procurando acompanhar a actualidade e gosto muito de ler opinião qualificada”, acrescenta. Agora está a ler um livro que fala sobre a riqueza das nações. “Também gostei muito de uma obra que falou de coisas que não se concretizaram. Um escritor americano de origem japonesa escreveu um livro intitulado “O Fim da História” considerando que com a queda do Muro de Berlim e com a queda do Império Soviético já não havia mais história para contar. Mas o processo histórico é contínuo e imparável”, salienta o autarca.