Imagine-se um barco
no meio do oceano, navegando à deriva e sem rumo
certo. Mas imagine-se também um ser humano perdido
numa grande cidade. Olhares atentos, fixos naquela alma
perdida por entre os inúmeros anónimos.
Por mais que essa personagem central olhe em seu redor
nunca será capaz de percepcionar todos os seus
próprios movimentos. É impossível
ao ser humano conseguir aperceber-se da sua imagem, pelas
costas, ou mesmo de perfil. Todavia, aqueles nos vislumbram,
conseguem ter essa imagem. E é nesses pontos “escondidos”
que a ASTA vai apostar na sua próxima representação.
A peça carrega o título de “A Balada
do Velho Marinheiro” e é da autoria de Ruth
Mandel. O cenário estreia o conceito “cruciform
theatre”. Uma enorme cruz dá forma à
plateia que tem lugar em cada um dos quatro cantos. Isto
para que “cada espectador tenha uma ideia diferente
da acção do representante”, refere
Harvey Grossman, o mentor deste conceito.
A peça vai assim ser exibida para um público
de 24 pessoas e não mais. O espaço teve
de ser apropriado para as dimensões requeridas
e a ASTA trabalha agora numa antiga fábrica de
lanifícios junto à zona da Palmatória,
na Covilhã. Este novo projecto vai estrear a 15
de Outubro e estará em cena até 24 do mesmo
mês. Durante os dias de actuação a
ASTA vai representar a mesma peça três vezes
ao dia. Um projecto com um orçamento total a rondar
os 60 mil euros e que junta artistas de vários
pontos do globo.
|