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Implantado no Parque Industrial do Tortosendo, o edifício
do Parkurbis
ganha destaque entre as demais unidades fabris, quer pela
arquitectura moderna, onde se interligam pavilhões,
escritórios, lojas, um auditório com capacidade
para 200 pessoas, um restaurante e até um jardim
interior, quer pela localização privilegiada
com a A23.
E se o visitante não ficar surpreendido em demasia
pelo design do edifico, todos os pormenores que lhe estão
inerentes vão, com certeza, encarregar-se disso
mesmo. O “choque tecnológico” de que
o País precisa e que o Governo anunciou há
bem pouco tempo, através de algumas medidas de
incentivo à investigação e à
criação de empresas, poderia muito bem ter
no Parkurbis
um exemplo perfeito. Ainda assim, esta estrutura que nasceu
através da vontade da Câmara
Municipal da Covilhã e de mais de uma dezena
de associados reúne alguns dos principais projectos
de jovens empreendedores vindos da Universidade
da Beira Interior (UBI) e foi buscar as suas linhas
mestras a outros projectos europeus com semelhantes aspirações.
Tecnologia é o que não falta nesta “incubadora”,
nem ideias arrojadas. Veja-se o sistema de segurança
que protege o edifício. Concebido por uma das empresas
sedeadas no Parkurbis,
a Omnisys, este sistema de identificação
e acesso a instalações reúne num
pequeno cartão todos os dados do seu portador.
Pedro Farromba, director-executivo do Parkurbis
explica ao pormenor as maravilhas de um dos primeiros
trabalhos feitos pela Omnisys. Cada pessoa ligada à
estrutura tem um cartão de identificação
que armazena num pequeno chip informações
únicas como a impressão digital do seu portador.
Isto porque, “para se aceder ao interior do edifício
não basta só passar o cartão na ranhura
óptica, mas é também necessário
colocar a impressão digital num aparelho para que
este identifique de forma precisa quem está a aceder
às instalações”.
Estes passos que até há bem pouco tempo
apenas funcionavam em filmes de ficção científica
estão agora a ser utilizados no novo espaço.
Já no seu interior, mais de uma dezena de salas
estão preparadas para acolher as empresas. Todas
equipadas com ligações telefónicas,
Internet e mobiliário específico. Algumas
áreas de maiores dimensões “podem
ser utilizadas para reuniões de grupos, pequenas
palestras e outras actividades inerentes às empresas”,
explica o director-executivo. Para as grandes conferências
ou outras actividades, “está a funcionar
o auditório”. Um espaço com lugar
para 200 pessoas onde estão instalados todos os
aparelhos para apresentações, seminários
e eventos semelhantes. Logo ao lado, com um enorme jardim
interior a servir de “decoração”
está um dos espaços mais amplos do Parkurbis.
Por enquanto ainda sem as divisões, esta enorme
sala está preparada para “instalar mais de
50 empresas”, sublinha o responsável. Ainda
no perímetro edificado do Parkurbis, cifrado em
35 mil metros quadrados, vai também funcionar um
restaurante, um bar e várias áreas comerciais,
como uma dependência bancária, uma agência
de seguros, lojas de informática entre outras.
Para Carlos Pinto, presidente da Câmara
da Covilhã, o Parkurbis representa um novo
rumo no desenvolvimento da região
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O início de um longo caminho
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Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da
Covilhã e também do Conselho de Administração
do Parkurbis
tece vários comentários de elogio a este
novo espaço. Construído no seio de uma região
marcada pela indústria dos têxteis e pela
grave crise de desemprego que atravessa o País,
o Parkurbis
“é um indicador de novos caminhos”,
adianta o autarca. A ideia anda pelos corredores da autarquia
desde os finais dos anos 90 e começou a ganhar
forma à medida que ganhava parceiros. Neste projecto
que teve um investimento global de 3 milhões e
500 mil euros, estão associados à Câmara
da Covilhã, a UBI,
o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias
Empresas e ao Investimento (IAPMEI),
a Portugal
Telecom, SGPS, a Caixa
Geral de Depósitos, a Fundação
Luso-Americana para o Desenvolvimento, a Associação
Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL),
a Associação Empresarial da Covilhã,
Belmonte e Penamacor (AECBP),
o Núcleo Empresarial da Região de Castelo
Branco (NERCAB) e a FRULACT,
Sociedade Gestora de Participações Sociais,
SA.
Agora que esta “incubadora” de novas empresas
começa a trabalhar, Carlos Pinto é o primeiro
a admitir que “se está no início de
um caminho longo que todos esperam que se venha a revelar
bastante produtivo para a nossa região”.
Para o presidente da autarquia covilhanense, o Parkurbis
pode mesmo vir a tornar-se na porta da Europa, no que
respeita a novas tecnologias. Daí que o trabalho
que está já a ser feito “tenha várias
frentes”. A autarquia promoveu recentemente um protocolo
entre várias empresas brasileiras e o Parque
de Ciência e Tecnologia. Mas a câmara
“continua em busca de parceiros pela Europa e pelos
Estados Unidos da América”. Neste momento,
para além das oito empresas que estão a
laborar sob a “aba” do Parkurbis
há mais “cinco ou seis prestes a serem propostas
ao conselho científico”, sublinha o autarca
social-democrata.
Um passo essencial para que se possa entrar neste mundo
tecnológico. Pedro Farromba explica que o Parkurbis
“funciona como um incubadora de empresas em vários
aspectos”. Aquilo que os responsáveis mais
anseiam “é captar as boas ideias e torná-las
possíveis”. A UBI funciona como uma verdadeira
nascente de projectos empreendedores, “grande parte
das empresas que estão aqui sedeadas pertencem
a docentes e alunos da UBI”, explica do director-executivo
do parque tecnológico. Virado para empresas da
área das tecnologias da informação,
o Parkurbis funciona como uma alavanca inicial. Todo o
processo de criação de empresas “foi
reduzido o mais possível”. Os interessados
apresentam a sua proposta, “que terá de ser
um projecto inovador, por natureza”, afiança
Farromba. Essa mesma proposta vai depois ser estudada
pelo Conselho Científico do parque. Caso seja aprovada,
o Parkurbis
vai possibilitar “um espaço dentro do nosso
parque para a sede dessa nova entidade, procurar capitais
de risco que funcionem como capital inicial e acompanhar
todo o processo de desenvolvimento”.
Esta “incubação” tem um limite
máximo de cinco anos. Período que deverá
ser suficiente para o crescimento e solidificação
da nova entidade. O parque tem disponíveis 2.000.000
metros quadrados de terreno para uma possível expansão.
Toda esta área prevê assim um crescimento
determinante de empresas num futuro a médio prazo.
“Espero que periodicamente apareçam novas
empresas e que este nascimento se torne numa rotina, no
Parkurbis”,
diz o autarca Carlos Pinto.
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José Carlos Correia (à esquerda) e
António Pires da Consispro |
António Pires, José Carlos Correia e Nuno
Silva são os três sócios-gerentes
da Consispro.
Uma empresa que nasceu nos bancos da UBI “quando
o professor Palma Nobre, do Departamento de Engenharia
Electroquímica nos deu a escolher vários
temas para o trabalho de final de curso”. De entre
os itens estava ode manutenção industrial,
aquele que acabou por ser escolhido por José e
António, ambos a frequentar o curso de Engenharia
de Gestão e Produção Industrial (EPGI).
Para dar algum apoio à ideia juntou-se a esta dupla,
Nuno Silva, então aluno em Matemática/Informática.
Depressa o projecto deu passos largos e encontraram uma
empresa no Parque Industrial do Tortosendo para tornarem
real a ideia de informatizar toda uma linha de produção.
Com as primeiras ideias no terreno, “foi o próprio
professor Palma Nobre que nos disse que esta ideia tinha
potencial para ser comercializada”.
“Começamos por pensar em montar uma empresa
que pudesse funcionar consoante os trabalhos que arranjássemos”,
explica António, mas depois “concorremos
também ao Ideia Activa, um concurso que premeia
os melhores projectos empreendedores, onde alcançámos
o primeiro lugar”. Daí até estes
jovens empreendedores estarem a representar Portugal num
certame internacional sobre novas tecnologias da informação
foi um passo. Quase o mesmo que foi dado para chegar ao
Parkurbis.
“Esta estrutura é de uma importância
crucial para toda a região e para todos aqueles
que como nós queiram apostar nesta zona do País”.
Foi neste parque tecnológico que a Consispro, tal
como a Omnisis, a Vedior e outras tantas empresas encontraram
sede.
António Pires é o primeiro a apontar a forte
ligação “entre o parque e a Universidade”.
Uma das grandes melhorias que esta estrutura apresenta
“é a viabilidade para muitos bons projectos
que ficavam nas gavetas e no papel”. Este jovem
empresário refere que “agora os bons trabalhos
vão poder ser concretizados, para bem de todos”.
Um desafio que “representa também mais um
estímulo para os estudantes da UBI e para os futuros
alunos da Universidade”.
Os três jovens trabalham já com cerca de
30 empresas “todas aqui da região”.
Virada essencialmente para as novas tecnologias, a Consispro
projecta software’s específicos. José
Correia lembra ainda o primeiro cliente. “Queria
uma página para colocar na Net”, desde essa
altura que “fazemos de tudo um pouco”. Páginas
para empresas, programas de gestão e contabilidade
e agora apostam “em nichos de mercado”. A
mais recente aplicação informática
vai ser instalada “numa queijaria”. Todo o
programa de gestão de produção e
de qualidade foi elaborado pela Consispro “desde
a entrada do leite até à saída do
queijo, tudo vai ser comandado e monitorizado por computadores
e pelo nosso programa”, refere António. Para
além das queijarias “há também
lagares de azeite e muitas outras empresas que precisam
de programas de computador específicos”,
concebê-los é a função destes
três jovens empresários.
No futuro próximo, as ideias estão “programadas”
para um crescimento a nível nacional, mas também
para Espanha, “um crescimento calmo, com cada passo
a ser dado de cada vez”, sublinham.
Já a Omnisis, empresa de componentes informáticos
seguros teve o mesmo início que a Consispro. Os
quatro proprietários são também docentes
na UBI e foi na Universidade que se deram conta da falta
de uma empresa, na área da informática que
construa e comercialize sistemas seguros. Os primeiros
passos estão também já a ser dados
no Parkubis.
A Vedior,
empresa de recursos humanos e de trabalho temporário
ocupa também uma das salas que estão instaladas
no piso superior do parque. A abertura desta delegação
veio cobrir “uma zona branca”, como explica
Ana Silva, consultora comercial na zona de Castelo Branco
e da Guarda. Tal como os novos hábitos que a Vedior
tem vindo a implementar no mercado de trabalho, Ana Silva
elogia “o arrojo e a iniciativa pioneira deste parque”.
Conhecedora do tecido empresarial da região e das
suas necessidades acaba por dizer que “as mentalidades
estão já a mudar, para melhor”. Os
empresários começam a abraçar estes
novos projectos “com uma outra vontade”. Contudo
“há sempre quem não queira apostar
nos recursos humanos qualificados, uma vez que isso implica
salários mais elevados e mais gastos para a empresa”,
refere esta consultora. Mesmo assim, “o panorama
está a mudar”. Ana Silva diz que “estes
projectos vêm conferir uma dinâmica muito
diferente à região”. Uma dinâmica
que vai ser verdadeiramente visível “daqui
a alguns anos”.
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