O distrito de Castelo Branco é um dos mais afectados pela seca
Situação preocupante
Seca extrema na maioria do distrito

A totalidade do País está em situação de seca extrema e severa. O distrito de Castelo Branco tem a maioria do seu território na pior situação, o que já está a afectar não só abastecimento da água às populações, mas acima de tudo a agricultura.


NC / Urbi et Orbi


O distrito de Castelo Branco contribui com a maioria do seu território para os 73 por cento que se encontram em seca extrema em Portugal Continental. Os dados, relativos ao último relatório da Comissão para a Seca 2005, foram dados a conhecer na última semana e reportam-se ao período de 15 a 31 de Julho. Portugal tem ainda 27 por cento do território em seca severa, dados para os quais o distrito albicastrense contribui com pequena parte, pois apenas a zona mais a Norte do distrito está nessa condição, tal como o distrito da Guarda.
Segundo a Comissão, muitos municípios estão com problemas devido ao baixo nível das barragens, havendo mesmo 44 que estão a recorrer a autotanques para abastecerem os sistemas que servem as populações. Ao todo, no País, são 53 mil os habitantes que se encontram nesta situação. Na região, porém, o distrito da Guarda é o que está com maiores dificuldades, com muitos dos seus concelhos a serem afectados. Em Castelo Branco , apenas há um caso declarado, em Vila Velha de Ródão, com duas aldeias, Atalaia e Vermum, nessas condições. Lá é o tanque do município que assegura água a 38 pessoas, ou seja, um por cento da população do concelho.
Já na Guarda, a situação é mais grave. Estão a ser abastecidas por tanques, sejam dos bombeiros ou das autarquias, seis mil 687 pessoas. Em Almeida existem oito localidades afectadas (700 pessoas), em Celorico da Beira cinco (1500), em Gouveia uma localidade (2000 pessoas), na Guarda duas aldeias (87 pessoas) e no concelho do Sabugal outras cinco (2400 pessoas).
Na região houve ainda alguns municípios que reduziram os períodos de abastecimento na rede pública de água, como Gouveia e Manteigas, e outros que referiram o esgotamento de furos, como Vila Velha de Ródão e Oleiros, onde a autarquia denuncia também uma diminuição na qualidade da água. Segundo a Comissão, a maioria dos municípios do País, mesmo não registando problemas ao nível do abastecimento, adoptaram medidas preventivas, como a redução da rega de jardins públicos e acções de sensibilização junto das populações para que estas poupem água.

Produção de batata já está sofrer

Na agricultura, as consequências, na Beira Interior, já são muitas. Com o tempo seco e quente que se tem verificado, tem faltado a água para rega, com esta a ter custos adicionais para os agricultores, que necessitam de captar água mais longe. Nos cereais praganosos, refere a Comissão, há quebras de 70 por cento, e os prados de sequeiro e pastagens naturais estão praticamente esgotados. Há quebras de 80 por cento.
A batata de regadio já se está a colher, e a de sequeiro, que já foi colhida, em algumas zonas, apresentou quebras de produção na ordem dos 50 por cento.
Na fruta, o pêssego também já está a ser colhido e apesar de ter uma produção idêntica à do ano anterior, tem menos qualidade, já que o fruto é de calibre bem mais pequeno.