A Câmara Municipal
de Castelo Branco e a Delegação albicastrense
do Instituto Português do Património Arquitectónico
(IPPAR) inauguraram na passada semana, a requalificação
da Igreja de São Miguel da Sé.
Martinho Mendonça, responsável pela paróquia,
lembra que estas obras eram reclamadas desde há
alguns anos, "sendo hoje inauguradas" graças
a uma parceria entre o IPPAR e a Câmara local. E
recordando que a Fábrica da Igreja Paroquial de
São Miguel da Sé, não possuía
"meios técnicos e financeiros", para
levar em frente estas obras.
Joaquim Morão, presidente da Câmara, lembrando
a degradação verificada há oito anos,
na Igreja, considerou ser urgente uma intervenção
num património religioso, que está ao serviço
da comunidade. “Entendemos que fosse o poder público
a custear as obras de requalificação",
sendo estabelecido contactos com o IPPAR, no sentido de
dar uma solução à situação,
tendo sido "encontrados os meios financeiros necessários"
para que as obras se iniciassem, sem ter que "recorrer
ao auxílio local". O autarca albicastrense,
classifica esta parceira "exemplar" pela forma
positiva como tudo decorreu, deixando satisfeita a comunidade.
"É assim que resolvemos os problemas sem mendigar
nada a ninguém".
Por sua vez, o presidente do IPPAR, João Belo Rodeia,
considera que nesta intervenção foram concretizados
vários objectivos, que passaram pela valorização
do património, a aproximação do IPPAR
às pessoas e à abertura ao exterior, em
forma de parcerias, cuja obra hoje inaugurada é
de facto disso exemplo. As obras, que custaram um milhão
e 500 mil euros, incluíram intervenções
no edifício na zona envolvente e prolongaram-se
durante cerca de um ano, tendo sido encontrada uma necrópole
rupestre nas imediações, que acabou por
ser também alvo dos trabalhos. Os trabalhos de
recuperação visaram essencialmente a substituição
do revestimento cerâmico, elementos em madeira e
aplicação de sistema de "sub telha",
como medida adicional para prevenção de
infiltrações de água; reparação
de rebocos, interiores e exteriores, incluindo a reparação
das escadas em betão, acesso às torres sineiras;
recuperação dos estuques da primeira sacristia,
incluindo o restauro das pinturas existentes e a aplicação
de novas pinturas à base de cal; substituição
de pavimentos e janelas em madeira, assim como a reparação
de portas, guarda-vento e tectos em madeira; limpeza e
tratamento das fachadas em pedra; substituição
integral da instalação eléctrica
no interior do edifício, incluindo telecomunicações
e instalação de novo sistema de vigilância;
remodelação e alteração das
instalações sanitárias existentes.
Relativamente à sua valorização,
os trabalhos assentaram principalmente em duas frentes:
os arranjos exteriores e a iluminação do
edifício.
Recorde-se que a Igreja de S. Miguel remonta aos séculos
XIII ou XIV, tendo sofrido várias reconstruções,
a mais importante das quais, no século XVII, conferiu-lhe
a traça renascença definitiva de cantaria
granítica.
O interior, com uma nave de grandes dimensões,
revela alguns pormenores de interesse, como o arco do
cruzeiro, os retábulos e painéis do baptistério
e da sacristia; a Capela do Santíssimo Sacramento,
e a sacristia grande, que constituem dois corpos laterais
em estilo barroco.
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