António Fidalgo
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O Interior
da Covilhã
O semanário O Interior,
publicado na Guarda, iniciou há duas semanas a
sua edição da Covilhã. O jornal tem
agora duas edições, a da Guarda e a da Covilhã,
compartilhando estas a maior parte do jornal, mas com
primeiras páginas diferentes e ainda outros textos
distintos. Trata-se de um acontecimento que convém
realçar, até porque muito ilustrativo da
evolução ocorrida nos últimos anos
na região.
O jornalismo de proximidade aconselha a que se dê
atenção aos acontecimentos que directamente
tocam as pessoas. Quanto mais um jornal local ou regional
tratar dos assuntos locais ou regionais tanto melhor cumprirá
a sua missão e, em princípio, maior sucesso
conseguirá. Não basta ser de cá,
é necessário que tenha qualidade, que, no
caso presente, será objectividade e isenção
noticiosa e independência dos poderes políticos
(autárquicos) e económicos. Embora cobrindo
a Cova da Beira O Interior era visto como um
jornal da Guarda que tinha também notícias
daqui, mas que não se encontrava ao mesmo nível
dos semanários Jornal do Fundão,
cuja última página sempre foi dedicada à
Covilhã, e ao Notícias da Covilhã,
jornais esses sim tidos como jornais de cá, dos
municípios das bacias do Zêzere e do Meimoa.
A edição da Covilhã agora lançada
é assim uma tentativa de O Interior visando
ser encarado, não como um jornal de fora que trata
de coisas de dentro, mas também como um jornal
de cá para os de cá. Não há
dúvida que a capa de um jornal é como o
rosto de uma pessoa, o sinal mais marcante e visível
da sua identidade.
No primeiro editorial da nova edição, o
director de O Interior, Luís Baptista
Martins, escreve que a aposta feita há cinco anos,
aquando da criação do jornal, no eixo Guarda-Cova
da Beira estava certa, contra a aposta daqueles que viam
o futuro da Guarda no eixo Guarda-Viseu. A ligação
da Guarda e da Covilhã estreitou-se significativamente
nos últimos anos. A A23, os 20 minutos de carro,
entre as duas cidades, estabeleceu de facto uma nova realidade
demográfica, social, económica e cultural,
que veio reforçar os laços já existentes,
nomeadamente os religiosos, a pertença à
mesma diocese da Guarda. É normal assim que os
órgãos de comunicação acompanhem
a evolução havida, que passem a dedicar
mais atenção aos eventos dos municípios
que agora passaram a estar muito perto.
Saudando a iniciativa da edição da Covilhã,
parece todavia que não é a mais feliz. Duas
edições distintas, quer se queira quer não,
separam aquilo que tende a aproximar-se. O que está
em causa é a cobertura informativa e opinativa
de uma realidade maior, que inabalavelmente e alheia a
designações, se vai estabelecendo, justamente
a da Beira Interior. Quem está na Covilhã
também quer saber que se passa na Guarda, o que
lá se pensa, e vice-versa. O primeiro número
da edição da Covilhã tinha 28 páginas
e a da Guarda tinha 32 páginas. Melhor seria que
se criasse um jornal com 48 páginas, eventualmente
com menores custos, e que cobrisse melhor todos os municípios
das duas edições.
A proximidade de eleições autárquicas
foi uma boa oportunidade para o forte investimento de
O Interior no sul da diocese da Guarda. Até
às eleições as atenções
estarão concentradas e divididas nas listas e lutas
pelos órgãos autárquicos. Mas depois
essas particularidades e peculiaridades desaparecerão.
Será então altura de voltar a atenção
para o todo regional. E altura também para as duas
edições de O Interior se fundirem
num jornal maior e de mais vasta cobertura de todo o Interior,
seja da Guarda, seja da Covilhã, mas integrando
também os concelhos a que as edições
agora separadas serão obrigadas a dar maior atenção,
em particular, o Fundão, Penamacor e Belmonte.
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