Mário Raposo
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O PARKURBIS
Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã
O conceito básico
que levou ao desenvolvimento da figura dos Parques de
Ciência e Tecnologia, assenta na percepção
de que uma região ou área industrial, geograficamente
próxima de uma Universidade, pode obter grandes
benefícios do conhecimento produzido nessa Universidade,
se conseguir daí estimular o empreendedorismo de
base tecnológica.
Foi este pressuposto que esteve na base da criação,
nos idos anos 1950, de um Parque Industrial junto à
Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia.
Esta experiência resultou em pleno e veio a dar
origem ao Sillicon Valley, região mundialmente
conhecida pelos seus espectaculares desenvolvimentos a
nível científico e tecnológico. O
interessante desta experiência é que ela
não resultou do desenvolvimento da teoria económica,
nem do envolvimento de economistas, mas sim de engenheiros
que tiveram a visão para perceber a importância
da existência de uma ligação, entre
a investigação desenvolvida nos laboratórios
da Universidade e o mundo empresarial que a pode rentabilizar
através da sua comercialização.
Esta ligação foi excelente para um maior
aprofundamento do I+D e foi igualmente benéfica
para a colocação dos estudantes directamente
nas empresas. Em muitos casos, os estudantes fundaram
as suas próprias empresas, promovendo o auto emprego
e tornaram-se empresários.
De então para cá o mundo assistiu a profundas
transformações, particularmente devido ao
desenvolvimento tecnológico exponencial e a uma
crescente abertura e homogeneização dos
mercados, mais conhecida por globalização,
o que leva as empresas e a sociedade a procurar condições
e competências, para incorporar as mudanças
resultantes dos novos padrões tecnológicos
e para atender às solicitações resultantes
da transformação do sistema produtivo.
O conhecimento, a ciência e a tecnologia, são
hoje fundamentais para tornarem o sector produtivo mais
competitivo e capaz de responder às crescentes
solicitações de mercados sofisticados e
exigentes. Neste contexto a Universidade é chamada
a desempenhar um papel estratégico na ajuda ao
desenvolvimento dos sectores industriais (tradicionais
ou emergentes) e consequentemente das regiões e
dos países. Esta tem sido uma das razões
referidas, para o crescimento do número de Parques
de Ciência e Tecnologia em todo o Mundo, e ainda
para serem vistos como uma solução para
ajudar a resolver problemas complexos: de desenvolvimento
económico de regiões, de renovação
ou substituição de sectores tradicionais,
de criação emprego, de estímulo à
inovação e ao empreendedorismo.
O empreendedorismo de base tecnológica assume um
papel central na transformação regional.
Schumpeter foi o primeiro a clarificar a posição
central do empresário no desenvolvimento económico.
Para Schumpeter, o empresário é essencial
para o progresso económico pois cria mudança.
A introdução de novos métodos de
produção, novas formas de organização,
novas fontes de abastecimento, produtos e mercados emergentes,
produzem grandes alterações mas também
conduzem a novas e duradouras fontes de prosperidade.
Na opinião de Schumpeter ainda que esta mudança
provoque, “distúrbios, fechos de empresas
e desemprego” nos sectores industriais em declínio,
a longo prazo resultará numa melhoria da qualidade
de vida para a sociedade no geral.
O empresário joga aqui um papel muito importante,
pois é ele que conduz a chamada criação
destrutiva, através da introdução
de inovações no mercado. Obviamente a ênfase
de Schumpeter na mudança, assenta no pressuposto
que as pessoas de uma região não estão
satisfeitas com a sua situação. Ora isto
não pode ser aplicado em todos os casos. Acontece
também por vezes que as aspirações
da população, são muito maiores que
o potencial das pessoas e recursos disponíveis
na região numa dada altura, causando assimetrias
entre aspirações e realizações.
As Universidades são sem dúvida uma fonte
de inovações e desenvolvimento tecnológico,
de grande utilidade para a actividade empresarial. Assim
o reconhecimento da necessidade de fomentar a criação
de novas empresas orientadas ou baseadas em novas tecnologias,
bem como a necessidade de impulsionar a transferência
de tecnologia da Universidade e dos centros de investigação
para a economia, via criação de novas empresas,
de base tecnológica, levou ao surgimento da figura
dos Parques de Ciência e Tecnologia.
Colocados perante o desafio de dar um contributo para
o desenvolvimento da região da Beira Interior,
em 1999 tivemos a tarefa de coordenar um estudo que servisse
de suporte à criação de um Parque
de Ciência e Tecnologia, tendo em vista o desencadear
de uma lógica de desenvolvimento regional sustentado.
Uma vez concluído o estudo, um conjunto de entidades
públicas e privadas da região e de fora
da região, Universidade da Beira Interior e Camâra
Municipal da Covilhã incluídas, constituíram
uma parceria que tornou possível a efectivação
do projecto, com o nome registado de PARKURBIS Parque
de Ciência e Tecnologia da Covilhã.
O espaço físico do PARKURBIS está
concluído. O número de manifestações
de interesse de candidaturas para instalação
de empresas, algumas já a funcionar em espaços
provisórios, levam a acreditar que o PARKURBIS,
poderá trazer uma lufada de ar fresco que possibilite
a reafirmação desta região, contribuindo
para a melhoria do nível sócio-económico
da região e para a fixação das populações,
bem como para o desenvolvimento de um novo tipo de empresário,
técnico, dinâmico e inovador.
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