Vieram embaixadores
e altas figuras de várias nações
assistir à discussão da tese de doutoramento
sobre a descolonização portuguesa. Um trabalho
de cinco anos que acaba agora por ser apresentado à
comunidade científica e fala sobre toda a temática
que envolve a descolonização do chamado
“império português”.
Esta tese envolveu várias figuras relacionadas
com todo o processo, através de entrevistas conduzidas
pelo autor do trabalho, José Filipe Pinto. Este
falou com as mais importantes figuras que estiveram relacionadas
com a descolonização e acabou por fazer
um apanhado das principais ideias.
Para além de toda a temática da descolonização,
outro dos assuntos abordados foi o que surgiu logo após
este episódio histórico. Nesse sentido,
“foi estudado, de forma profunda, o conceito de
comunidade dos países de língua portuguesa,
CPLP”, refere. Um conjunto de nações,
que ao contrário do que se julga “estão
ligadas através do espírito dos povos irmãos”.
Este doutoramento, “dos poucos estudos realizados
em Portugal sobre esta temática” aborda também
duas realidades, “antes da queda do império
colonial e depois desse período, com o surgimento
da CPLP”. Esta última “ainda não
tem a visibilidade que merece”, adianta ainda o
autor deste estudo. Isto porque, “cada vez mais
esta temática vai perdendo importância no
seio de um País que sempre esteve ligado a outros
povos”. A cultura e a ligação entre
as várias nações “deve ser
sempre mantida, independentemente de todos os episódios
menos bons que os povos possam produzir”, atesta
o autor do trabalho intitulado "Do Império
Colonial à Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa: Continuidades e Descontinuidades".
Para este investigador social torna-se fundamental uma
investigação sobre a relação
entre Portugal e os povos irmãos. A língua
e as gentes “estão enraizadas em nós”.
Afirmações que conduziram esta tese a conceitos
como os do racismo e da xenofobia. Na óptica deste
investigador, os últimos acontecimentos registados
em Portugal levaram a que a população reflectisse
mais sobre este assunto. Algo que “já deveria
ter sido feito há muito”. Até porque
“Portugal sempre foi visto como um território
de brandos costumes”. Estes fenómenos que
“surgem da aculturação entre os vários
Estados, ainda não foram estudados profundamente”.
Adriano Moreira fez também parte do júri
deste doutoramento. Esta figura que tem escrito e documentado
a questão da descolonização refere
que “o sistema político tem muito para trabalhar”.
Para este estudioso, “as sociedades europeias enfrentam
agora toda uma nova geração de pessoas que
têm as suas ligações às ditas
colónias e que não lhes agrada a forma como
essas nações são tratadas pelos povos
europeus”.
Como júri destas provas estiveram Adriano José
Alves Moreira, professor catedrático emérito
da Universidade Técnica de Lisboa, Adelino Augusto
Torres Guimarães, professor catedrático
do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade
Técnica de Lisboa, António Custódio
Gonçalves, professor catedrático da Faculdade
de Letras da Universidade do Porto, Marco António
Monteiro de Oliveira, professor titular da Universidade
Lusófona, José Carlos Gaspar Venâncio,
professor catedrático da Universidade da Beira
Interior, Victor Kajibanga, professor titular da Universidade
Agostinho Neto, Eduardo Maria Costa Dias Martins, professor
auxiliar do Instituto Superior de Ciências do Trabalho
e da Empresa e Onésimo Silveira, embaixador da
República de Cabo Verde.
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