O emigrante saiu da
Ucrânia há quatros anos e meio e escolheu
Portugal como País de eleição para
trabalhar, tal como muitos outros seus conterrâneos.
Há cerca de dois meses mudou-se para a Covilhã
com a sua mulher, portuguesa, e onde viu nascer a sua
filha. Desde que abandonou o seu país de origem
e se mudou de “malas e bagagens” para Portugal,
revela que “nunca tinha acontecido nada de parecido”
nos restantes locais onde já trabalhou. Apesar
de muitos emigrantes se encontrarem em situação
ilegal, Prus faz questão de salientar que tratou
de todos os documentos exigidos por lei e que está
legal. Documentos esses que tem entregue a todos patrões,
e necessários para a elaboração de
um contrato de trabalho, incluindo a José Pinto
que não o contratou. O dono da empresa esclareceu
que Prus “estava à experiência”
e “normalmente não se fazem os contratos
de trabalho de um dia para o outro”.
Na passada semana Yaroslav Prus estaria a trabalhar para
a empresa responsável pela construção
do “Serra Shopping”, dia em que se despediu.
Trocou o serviço de pedreiro para ser camionista
a cargo de José Pinto. Começou numa quarta-feira,
dia em que afirma ter sido desrespeitado por um colega
e que lhe pediu para o tratar “como uma pessoa e
não como animal”. Como alega Prus, o seu
colega tê-lo-à ofendido, nomeadamente, com
injúrias referentes à sua nacionalidade.
A exigência não teve resposta de momento,
mas uma consequência dois dias depois. No final
da semana terá sido novamente “mal tratado”
pelo colega, que ameaçou falar com o patrão.
Ao final do dia terá sido dispensado pelo dono
da empresa, apesar deste se ter mostrado “admirado”
com a reacção do outro empregado, quando
Yaroslav lhe contou a sua versão da situação.
Segundo Prus, José Pinto foi benevolente com a
“atitude racista” do outro empregado, estando
ele também a discriminá-lo.
À acusação, Pinto responde que o
dispensou por “não saber trabalhar com o
camião”, mas mesmo assim dispôs-se
a arranjar-lhe trabalho noutra das suas obras. “Tenho
de confiar mais no que me diz o encarregado da obra e
os outros empregados, que já trabalham comigo há
mais anos, do que numa pessoa que mal conheço”.
Segundo argumenta, foi Prus que “arranjou chatices
com os colegas”, sendo estes que não querem
voltar a trabalhar com ele. Para Yaroslav, a razão
para ser dispensado não tem fundamento, pois, sublinha,
já trabalhou como camionista noutras empresas da
região e “ninguém se queixou”.
Quando confrontado com os argumentos do seu ex-patrão,
este trabalhador questionou-se “ Porque é
que não me disse nada a mim na sexta-feira? E porque
é que me prometeu trabalho noutra obra?”.
Apesar de ter trabalhado apenas durante três dias
para José Pinto, Yaroslav conta que lhe foi oferecido
trabalho noutra obra, mas também acusa o ex-patrão
de não lhe pagar. “Ele (Pinto) nem atendia
o telemóvel. Mas quando telefonei da cabine, já
atendeu. Marcámos o pagamento para sábado
de manhã e não apareceu. Nesse dia voltei
a telefonar e marcámos para a tarde. Voltou a não
dizer nada e a não me atender do telemóvel.
Voltei a telefonar e marcámos para domingo e foi
sempre assim até segunda-feira de manhã,
que voltou a não pagar”.
Confrontado com esta situação, José
Pinto salienta que o motivo do atraso do pagamento aconteceu
por “não ter tido tempo”. Mas confidenciou
ainda que lhe havia adiantado dinheiro do primeiro dia
de trabalho, “porque (Prus) estava enrascado”.
Por sua vez, Yaroslav confirmou esta informação
e revelou que após os contactos efectuados com
José Pinto, este lhe telefonou e pagou o salário
em atraso.
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