“Ladrão”
e “inimigo” foram algumas das palavras utilizadas
pelos populares do Paul para caracterizar o presidente
da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto.
O autarca social-democrata deslocou-se à freguesia
do Paul com o intuito de levar a cabo mais uma “Câmara
em Directo”. Contudo, a recente construção
de seis depósitos de água junto à
ribeira do Ourondinho despoletou a ira da população.
Depois de estar marcada para o edifício da junta
de freguesia, a reunião acabou por decorrer na
praça central da localidade. Foram vários
os populares que mostraram o seu descontentamento através
de cartazes e de palavras de ordem. Na confusão
inicial, o autarca sentiu mesmo algum “aperto”
perante tamanha mobilização popular. Foram
várias as palavras e os insultos proferidos contra
Carlos Pinto, mas também contra Domingos Beato,
presidente da Junta de Freguesia do Paul.
Os motivos que despoletaram toda esta movimentação
popular parecem estar ligados a questões de águas
públicas. Segundo alguns populares, têm vindo
a ser construídos, “sem conhecimento da população”,
seis reservatórios de água, junto à
ribeira do Ourondinho. Esta empreitada, da responsabilidade
dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento
(SMAS) da Covilhã tem como fim, “precaver
as piores situações em tempos de seca”,
adianta o autarca covilhanense. Ainda assim, esta “nobre”
justificação não parece contar com
o apoio dos habitantes do Paul.
Estes mostraram-se indignados por todo o processo ter
sido tratado “nas costas do povo”, adianta
Joaquim Miguel, natural da freguesia. Este mesmo refere
que “os agricultores regam com a água da
ribeira, em tempo de seca esta já é pouca,
se vão cortar nas horas de rega, ficam sem nada”.
Todas as explicações oficiais que poderiam
ter sido dadas em boas condições acabaram
por ser proferidas por Carlos Pinto do alto de uma viatura.
A entrada do veículo da junta de freguesia local,
no meio da praça inundada de gente, levou mais
de uma hora. Depois foi um espectáculo pouco digno
de se assistir, com o autarca a tentar tirar explicações
de improviso e os populares a vaiarem Pinto de forma ininterrupta.
Os ânimos só acalmaram quando o social-democrata
garantiu que as obras iriam parar e a água da ribeira
não iria ser desviada. Uma noite que rendeu muito
pouco em termos de informação sobre a freguesia.
Pinto tinha programado para o Paul o anúncio da
construção do quartel dos bombeiros e de
um anfiteatro. No final desta jornada negativa, registaram-se
ainda algumas agressões entre os populares.
Na freguesia do Barco o evento correu sem distúrbios
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Barco muito mais calmo
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Logo no início da passada semana, Carlos Pinto
arrancou com mais uma “Câmara em Directo”,
na freguesia do Barco. A Associação Regional
de Solidariedade e Progresso do Alto Zêzere (ARPAZ)
foi o palco escolhido por Pinto para se juntar aos populares.
Quem aceitou o convite da autarquia e da junta de freguesia
local foi Maria da Conceição Serra. Esta
natural da freguesia tem no rosto as marcas de 68 anos
passados no amanho da terra. Na noite em que trocou um
dos mais empolgantes episódios da nova novela portuguesa
pela “Câmara em Directo” na freguesia
do Barco mostra-se incomodada com quase tudo.
Desde o cheiro a humidade no auditório da ARPAZ,
onde se realiza o evento, até ao atraso de meia
hora do presidente de câmara, o social-democrata
Carlos Pinto, tudo é motivo para queixas por parte
desta agricultora. Mesmo assim, o objectivo que trouxe
aqui é forte e não a demove. Maria da Conceição
quer exigir ao presidente um caminho rural mais “certo,
sem tantos buracos” e “água limpa e
sem cortes”. A máquina de lavar roupa acabou
por se avariar na passada semana, quando faltou a água
e a agora esta natural do Barco não tem outro remédio
senão ir ao lavadouro público.
Jerónimo Barata, presidente da Junta de Freguesia
do Barco apresenta uma outra visão do trabalho
feito na terra. Segundo este político, “a
autarquia investiu aqui muito dinheiro”. Numa terra
onde ainda se percebe melhor o valor do Escudo do que
do Euro, Barata fala em qualquer coisa como “30
mil contos”, para descrever o esforço financeiro
feito pelo Barco.
Para além de todos estes melhoramentos, a câmara
colocou ainda uma caixa Multibanco e aprovou o brasão
da freguesia. Trabalhos que esperam continuidade, até
porque, no entender do actual presidente de junta “ainda
há aqui muito a fazer”.
Uma das surpresas da noite foi a presença de José
Joaquim Antunes, responsável pela Segurança
Social a nível do distrito de Castelo Branco. O
socialista, recentemente indigitado, não se coibiu
em aparecer com o social-democrata nesta acção
camarária, na qual foi atribuído à
ARPAZ um subsídio de 5 mil euros.
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