“Todos os dirigentes
académicos dos últimos cinco anos são
responsáveis pelo resultado actual das contas da
associação”, as palavras são
de Paulo Ferrinho, presidente do Conselho Fiscal da AAUBI.
O mesmo que juntamente com Rui Gonçalves, presidente
da Assembleia-geral comanda, desde o passado dia 22 de
Junho, os destinos da instituição.
O mais recente relatório de contas da AAUBI é
uma radiografia feita à “casa azul”
e expõe a verdadeira dimensão do buraco
financeiro que está instalado no número
39 da Rua Senhora da Paciência. Ainda assim, em
declarações ao Urbi, o agora presidente
demissionário vai dizendo que a sua saída
se deve unicamente, “a problemas de saúde”.
Este episódio é o mais recente dos tempos
que correm. A servir-lhe de guião está o
parecer número cinco do ano de 2005. Este documento
espelha “uma sucessão de erros” que
têm orientado todos os que passam pela direcção
do organismo. Uma explicação encontrada
pelo presidente do Conselho Fiscal para a actual situação.
Este órgão refere que “esta direcção
tomou posse a 16 de Março e em três meses
de actividade, a dívida teve um efeito galopante
crescendo exponencialmente dos números anteriores,
cerca de 50 mil euros, para valores muito próximos
dos 120 mil euros, mais de cem por cento”. Números
que Costa diz estarem correctos e que têm de ser
assumidos. Todavia, o agora presidente demissionário
não deixa de classificar o documento apresentado
pelo Conselho Fiscal, como algo de “muito duro”.
Um dos eventos mais importantes para a AAUBI saldou-se
num prejuízo de 50 mil euros
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Semana académica para esquecer
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O conselho fiscal, neste momento, está a tentar,
juntamente com o gestor da associação, reconstruir
e apurar toda a história contabilística
da AAUBI de forma a “podermos saber qual o real
valor da dívida da academia”, adianta Ferrinho.
Para este responsável máximo pelo Conselho
Fiscal, as contas da AAUBI têm sido apresentadas
mais ao sabor do subsídio a ser atribuído
pelo Instituto Português da Juventude (IPJ) do que
“à verdadeira realidade”. Ferrinho
recorda que “pela primeira vez na história
da AAUBI foi imposto algum rigor contabilístico
e financeiro”. Daí que as contas e os saldos
das mesmas seja agora do conhecimento geral.
Em termos do que estava mal e necessita correcção,
Paulo Ferrinho alude duas situações. A do
património da AAUBI onde, “certos objectos
que estão registados em nome da associação
e que aparecem sucessivamente no orçamento desta,
já desapareceram ou que já foram vendidos
ou totalmente amortizados”. E também, “os
proveitos desta associação no final de cada
ano”. Este último ponto faz referência
ao facto da AAUBI “embora sendo uma instituição
sem fins lucrativos poder apresentar resultados financeiros
positivos. Mas estes que são colocados nos orçamentos
estão de tal forma desfasados da realidade que
se tornam ridículos”.
A gota de água que parece ter provocado um verdadeiro
maremoto nas contas da academia foi sem sombra de dúvida
para o Conselho Fiscal “uma péssima semana
académica”. Os agora responsáveis
máximos pela “casa azul” explicam que
“este último evento promovido pela AAUBI
e que era encarada como uma forma de estabilização
das contas resultou num saldo negativo de aproximadamente
50 mil euros”.
Telemóveis, aluguer de viaturas e desporto |
Os vários orçamentos "têm
apresentado contas matraquilhadas" |
Quase tudo parece pesar sobremaneira no orçamento
débil da AAUBI. A parcela do deve sobrepõem-se
à do haver o que leva “a uma situação
sem precedentes”. O cenário agora instalado
na “casa azul” é descrito no relatório
do Conselho Fiscal como sendo resultado da “incúria
e a negligência na gestão da AAUBI, isto
após diversos avisos”. A esta situação
junta-se “o comportamento dos dirigentes da AAUBI”
que segundo os responsáveis pelo Conselho Fiscal
“tem-se pautado por um autismo inadjectivável”.
Para que os estudantes tenham uma clara noção
do problema, adianta ainda o mesmo documento, “a
conta bancária da Caixa Geral de Depósitos
encontra-se negativa em valores superiores a oito mil
euros”.
A isto acresce ainda a auto-gestão das várias
secções. Ferrinho adjectiva esta prática
de “incontrolável” e dá o exemplo
do desporto. “Só esta secção
gasta cerca de 20 mil euros por ano”, assegura.
Mais de 6 mil euros são gastos em inscrições
e seguros dos atletas, o restante dinheiro passa por outros
factores. “Posso dizer que só em aluguer
de viaturas para o desporto, no último ano e meio
foram gastos 30 mil euros, montante com o qual poderia
ter sido adquirida uma nova viatura para a associação”,
sublinha o responsável pelo Conselho Fiscal.
Outro dos exemplos de falta de racionalidade na aplicação
dos recursos da associação académica
é o caso das comunicações. A AAUBI
tem em funcionamento nove telemóveis que gastaram
cerca de 5 mil euros nos três meses passados. Isto
porque “existe um relativo desmazelo dos dirigentes”,
acrescenta Ferrinho. O mesmo vai explicando que “a
forma de trabalho da AAUBI está toda pensada em
função dos telemóveis. Isto é,
para se marcar uma reunião de trabalho ou outro
tipo de evento utiliza-se telemóvel, para qualquer
mínima coisa recorre-se ao telemóvel. Não
se conseguem orientar os recursos humanos para a poupança”.
Para Nuno Costa é tempo de repensar algumas
actividades da AAUBI
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Costa sai devido a problemas de saúde
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“Gostaria que ficasse bem esclarecido que a minha
saída se deve exclusivamente a alguns problemas
físicos e psicológicos”, explica Nuno
Costa. As razões do abandono da presidência
da AAUBI não se devem às contas “as
quais tenho de encarar e com as quais tenho de concordar”,
sublinha ainda este estudante de Economia. O até
aqui presidente da direcção da AAUBI explica
que “devido a motivos de saúde” não
pode estar tão presente quanto desejava na academia
e daí “optar por sair”. Contudo, este
abandono de funções não é
novo na gestão de Costa. De recordar que este estudante
de Economia foi eleito pela primeira vez para as funções
de presidente da AAUBI em Junho do ano passado. Seis meses
depois apresenta a sua demissão, atitude que teve
o apoio de toda a equipa que trabalhava então com
Costa.
Na sua segunda candidatura, volta a ganhar o lugar de
mais destaque no seio da AAUBI a 9 de Março passado.
No passado dia 22 de Junho, cerca de três meses
depois de tomar posse pela segunda vez, abandona a cadeira
da presidência da academia estudantil.
Por agora, os destinos da AAUBI estão assegurados
por uma comissão coordenada por Paulo Ferrinho,
presidente do Conselho Fiscal e por Rui Gonçalves,
presidente da Mesa da Assembleia-geral. O programa passa
por criar uma legislação mais restrita e
contas de gerência públicas e também
por transformar a AAUBI numa unidade empresarial, com
contabilidade organizada e conduzida pelo gestor da instituição.
Novo acto eleitoral, “só em Dezembro”,
como estava previsto.
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Parecer
nº 5
Parecer
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