A auto-escada é uma promessa à qual o secretário de Estado acrescentou mais um ano
130 anos de voluntariado
Bombeiros continuam sem auto-escada

José Sócrates faltou ao aniversário dos Bombeiros Voluntários da Covilhã (BVC) mas parece não ter esquecido esta corporação. O primeiro-ministro enviou uma missiva de parabéns e a promessa de uma auto-escada no próximo ano.


Por Eduardo Alves


A promessa faz agora 20 anos. O problema é que não passa disso mesmo, “de uma promessa”, afirma José Flávio, comandante da corporação dos Bombeiros Voluntários da Covilhã. Na comemoração do 130º aniversário desta instituição, nem primeiro-ministro, nem ministro da Administração Interna quiseram estar presentes na Covilhã. Em vez disso deslocou-se à “cidade neve”, o secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões que trouxe uma prenda “do covilhanense José Sócrates”. Este representante do Governo prometeu que “a auto-escada para aos Bombeiros da Covilhã vai constar do próximo Orçamento de Estado”. Ascenso Simões referiu ainda que “este é um anúncio incumbido pelo primeiro-ministro e que resulta de um pedido sistemático de Vitor Pereira, deputado eleito para Assembleia Nacional pelo círculo de Castelo Branco e Carlos Martins, membro do gabinete de José Sócrates”.
Quem suportou também esta promessa foi a Governadora Civil de Castelo Branco, Alzira Serrasqueiro que leu uma mensagem enviada pelo próprio José Sócrates. Serrasqueiro referiu ainda que no passado foram cometidas “algumas incongruências”, mas que este executivo está disposto a corrigir tudo isso, “ainda que de forma faseada”.



Viaturas e equipamentos degradados

Os bombeiros querem mais verbas para instalações e equipamentos

Em dia de aniversário José Flávio, comandante da corporação enalteceu o trabalho de todos os seus voluntários que “desde há 130 anos combatem fogos urbanos, florestais e industriais neste concelho”. Este responsável discursou perante mais de centena e meia de pessoas e falou directamente para as autoridades políticas no sentido de estas “corrigirem um defeito que tem vindo a ser repetido em demasia”. Isto porque, “a Covilhã tem vindo a ficar esquecida”. Recorde-se que ainda durante o anterior executivo governamental social-democrata José Luís Arnault, então ministro das Cidades e Administração Local veio à Covilhã “anunciar que a auto-escada estaria aqui no nosso aniversário”, adiantam os responsáveis. Contudo, em dia de aniversário, apenas se repetiu a promessa.
Ainda assim, a corporação baptizou duas novas ambulâncias de longo curso e tem já para breve a entrada em funcionamento de um auto-tanque destinado a combater fogos urbanos. Um investimento financeiro “na ordem dos 150 mil euros”, explica Emídio Martins, presidente da direcção. O mesmo responsável que lembrou que a secção do Paul necessita “urgentemente de um novo quartel, que a Covilhã necessita de novos investimentos em viaturas e meios, pois hoje combatem-se sinistros com carros e bombas que têm 30 anos”. Recorde-se que uma das promessas da campanha eleitoral de há quatro anos do actual presidente da Câmara da Covilhã, o social-democrata Carlos Pinto ia no sentido de construir no Paul um novo quartel para a secção dos BVC.

Simulacro expõe falhas

No fim-de-semana de aniversário, os Bombeiros Voluntários da Covilhã realizaram um simulacro de incêndio num dos edifícios mais altos da cidade, o Covilhã Parque Hotel. O exercício consistiu “em resgatar um ferido poli traumatizado que se encontrava no nono andar e mais duas vítimas com algumas fracturas”, explica José Flávio. O comandante dos bombeiros refere que “o exercício pressupunha que o interior do edifício estava em chamas, daí só se poder aceder às vítimas pela catenária exterior”. Esta prática serviu, sobretudo, “para expor a necessidade urgente de termos uma auto-escada”, reitera o responsável.