José Robalo refere que este
problema não fica resolvido
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“Não
resolve nada”
Acordo têxtil entre
Europa e China
O presidente da ANIL,
José Robalo, diz que o acordo entre a União
Europeia e a China nada resolve, apenas adia um problema.
A questão fundamental, que passa pela concorrência
desleal deste país asiático, nem sequer
foi abordada, o que o choca.
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NC / Urbi et
Orbi
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“É apenas
tapa o sol com a peneira. Estão a atirar areia para
os olhos das pessoas”. É assim que o presidente
da Associação Nacional dos Industriais de
Lanifícios (ANIL), José Robalo, classifica
o acordo obtido no passado fim-de-semana entre a União
Europeia e a China com vista a limitar o volume de importações
de têxteis chineses no espaço comunitário.
Há muito que as empresas portuguesas se têm
insurgido contra a “invasão” chinesa
em Portugal, no sector têxtil, o que tem levado mesmo
alguns a fechar as portas por não conseguirem aguentar
uma concorrência que consideram ilegal.
Assim, sexta-feira, 10, a União Europeia divulgou
um acordo com aquele país asiático que limitará
a entrada de produtos chineses na Europa até 2008.
O que se prevê, entre outras coisas, é uma
redução nas exportações de t-shirts
e fio de linho entre 8,5 e 12 por cento por ano. Para José
Robalo, trata-se apenas de um “adiar do problema em
algumas categorias”. E acrescenta que o que o choca
é “a questão de fundo não ter
sido abordada, como por exemplo o facto da China subsidiar
as suas próprias exportações e exercer
práticas sociais irregulares, como a mão-de-obra
escravizada. Parece que se esqueceram disso” critica.
O comunicado da UE salienta que este acordo permitirá
um crescimento razoável das exportações
chinesas para a União entre 2005 e 2007, embora dando
tempo à indústria têxtil para se adaptar.
E vinca a solução “duradoura”
que cobre todas as categorias de produtos têxteis
que estavam a ser investigados, garantindo ao mesmo tempo
uma evolução fluida das exportações
chinesas até 2008. Porém, José Robalo
argumenta que “quem tem que se adaptar são
eles. Não há aqui nenhum problema de adaptação
dos europeus. Há, sim, um problema de práticas
desleais, como o dumping, a mão-de-obra escrava e
a poluição do planeta em larga escala. Somos
nós que fazemos isso, ou são eles” pergunta. |
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