Antiga Judiaria de Belmonte
Efeitos da erosão desgastam monumento

Ruínas e abandono. Os efeitos da erosão. Tudo isto tem sofrido a Antiga Judiaria de Belmonte, segundo um estudo do Gabinete Técnico Local (GTL) da autarquia, que apresentou um estudo sobre o local nas I Jornadas de Património Judaico da Beira Interior.


João Alves
NC / Urbi et Orbi

A antiga judiaria está agora em risco de ruir

Quem, pela primeira vez chega a Belmonte, e quer dar uma “volta” pela sua história, terá que, inevitavelmente, visitar locais ligados ao judaísmo, já que é nesta terra que se encontra uma das mais importantes comunidades judaicas do País. Ir ao novo museu é obrigatório, e muitos pedem frequentemente saber onde é a Sinagoga. “É na rua da Fonte da Rosa” dizem os locais, “na Antiga Judiaria”. Por isso, muitos esperam ver construções típicas desta religião no local. E encontram esse traços próprios, mas num local em que existe abandono e ruínas“.
“O tempo tem erosionado, dum modo muito expressivo, a apelidada Judiaria de Belmonte”. Foi esta uma das conclusões apresentadas por Carlos Figueiredo e Elisabete Robalo, do Gabinete Técnico Local daquela vila, nas I Jornadas de Património Judaico da Beira Interior, que decorreram na segunda-feira, 13, e terça, 14, em Trancoso e Belmonte, respectivamente. Este Gabinete, no último ano, recolheu informação de modo a conseguir definir com exactidão onde se localizava a Antiga Judiaria e constatou que a erosão tem feito das suas por aqueles locais. Muitos judeus ainda ali moram, mas outros saíram daquela zona para construir casas novas em outros locais da vila, deixando as antigas habitações, a maioria delas, de pedra, abandonadas. Alguns ainda as utilizavam para guardar peles de animais, um tipo de comércio que eles exercem. Mas com o passar do tempo, também isso acabou.
O GTL frisa, no entanto, que a ideia de Judiaria autónoma, em Belmonte, desvanece-se bastante pelo facto de ter sempre havido uma certa convivência entre cristãos, cristãos novos e judeus. Assim, as diferenças esbateram-se no que diz respeito às práticas urbanas.
Já José Afonso, delegado distrital do IPPAR, salienta que o património arquitectónica judaico na Beira Interior sempre se caracterizou por ser bastante “escondido e tapado”, embora existam edifícios “maravilhosos”. Quanto ao arquitecto António Mendes, explica a raridade de vestígios do património edificado judaico com a expropriação por parte dos cristãos-novos de vários bens que estavam no povo judeu, embora a sua memória não fosse apagada.