Muitas das vezes não
se pensa na importância de um edifício, concebido
de uma determinada maneira, para um lugar específico.
Na maior parte dos casos, técnicos, construtores
e proprietários “tendem a minimizar o papel
do arquitecto e as suas ideias num projecto final”.
Quem o diz é Bak Gordon, um dos mais conceituados
arquitectos contemporâneos. Licenciado pela Faculdade
de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa
em 1990, dirige actualmente um gabinete de arquitectura
em Lisboa. Vencedor do projecto de construção
da Embaixada de Portugal em Brasília – Brasil,
detém também vários outros prémios
por trabalhos realizados na área dos parques naturais
e edifícios públicos.
Gordon começou por dizer a cerca de duas dezenas
de alunos que assistiam à conferência que
“muitas das vezes, o que se aprende durante uma
licenciatura não vai ser aplicado na prática,
de forma tão rígida”. Isto porque
“a arquitectura é, sobretudo, uma forma de
criatividade e expressão pessoal”.
Ainda assim, este profissional alerta para o facto de
hoje “não se pensar na importância
dos edifícios, na sua utilidade, na sua localização”.
É pois, “dever do arquitecto, enquanto pólo
aglutinador de várias interpretações
como a do proprietário, a do engenheiro ou a do
paisagista, idealizar um projecto com utilidade e significado”.
Para este arquitecto, cada edifício desempenha
um determinado papel e carrega uma determinada importância
e significado. Segundo o mesmo “não faz sentido
colocar edifícios citadinos no centro de uma aldeia
deserta, ou colocar um edifício habitacional num
bairro de serviços”.
Pensar as cidades “mas pensá-las à
escala e à importância que cada elemento
deve ter” é a solução para
um problema grave que se verifica em Portugal. A falta
de planos estratégicos de desenvolvimento das cidades
“é o principal ponto negro” no crescimento
“mal feito” dos centros urbanos lusos. Gordon
acabou por dizer que “cabe aos actuais e futuros
profissionais desta área tentar corrigir o que
está feito” e não cair nos mesmos
erros do passado.
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